Com a crise econômica e a necessidade de promover ajustes na gestão, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi direta ontem na reunião com os governadores nordestinos em Brasília. Os gestores receberam da petista o compromisso de dar continuidade às obras federais de infraestrutura realizadas na região, caso da transposição do São Francisco e da Transnordestina. Porém, os governadores foram advertidos de que só terão novos pleitos atendidos se as medidas de ajuste fiscal do governo forem aprovadas pelo Congresso Nacional.
“Houve uma sinalização positiva que as obras em andamento não sofreriam contingenciamento. Por outro lado, que qualquer novo anúncio ou nova obra vai depender da aprovação do ajuste fiscal. Com essa previsibilidade a gente sabe com o que vai poder contar em 2015. Dissemos à presidente que estamos fazendo nosso dever de casa em relação aos ajustes necessários”, destacou o governador Paulo Câmara (PSB).
Antes da audiência com Dilma, os governadores se reuniram para debater que pontos levariam à presidente. Entraram na pauta as medidas emergenciais contra seca, a continuidade das obras hídricas e do programa Minha Casa, Minha Vida, novas operações de créditos para os Estados, o financiamento da Saúde e ações na área de Segurança Pública.
A Casa Civil ficará responsável por coordenar os programas de combate à estiagem e uma série de reuniões para tratar dos outros assuntos foi agendada nos ministérios da Fazenda e do Planejamento. “Ela (Dilma) disse que vai colocar os ministros à disposição para tentar achar soluções, mas enfatizou sempre as dificuldades que o governo enfrenta em 2015”, destacou Paulo.
O governador de Pernambuco ressaltou que levou à audiência com a presidente a questão dos empregos. “Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) são muito preocupantes para a região Nordeste porque foram quase 60 mil postos fechados entre janeiro e fevereiro. Pernambuco teve uma participação grande, com 20 mil postos. Para a manutenção desses empregos, precisamos investir”, ressaltou.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, presente também à reunião, reforçou a tese da presidente de que o ajuste fiscal é que balizará a ajuda do governo federal aos Estados nordestinos. “Avançamos na possibilidade de financiamentos, mas as definições mais importantes vão depender decisão final do Congresso Nacional sobre o ajuste”, comentou, após a audiência
No encontro, os governadores também defenderam a taxação de grandes fortunas para financiar a Saúde. Mercadante afirmou que a presidente Dilma se comprometeu a aprofundar as discussões sobre os pontos apresentados pelos governadores nordestinos e admitiu que o governo federal estuda formas de taxar grandes fortunas ou heranças.