O juiz federal Sérgio Moro disse hoje (27) que a alegação dos executivos da Galvão Engenharia de que foram obrigados a pagar propina para o esquema de desvios na Petrobras é questionável. A argumentação está na decisão que determinou a prisão de presidente do Grupo Galvão, Dario Queiroz.
Ele destacou que a empresa deveria ter procurado as autoridades ao ser intimidada para fazer os pagamentos ao esquema de corrupção na estatal. Para o juiz, a alegação de extorsão não pode ser usada como álibi dos executivos da empreiteira.
“Quem é vítima de concussão busca a polícia e não as sombras. Não há registro de qualquer resistência da parte da empresa quanto à suposta exigência, surgindo a admissão parcial dos fatos somente agora, quando proposta a ação penal pelos crimes. Aparenta, ademais, ser inconsistente o álibi com a realização de vários pagamentos indevidos a agentes públicos pela Galvão Engenharia e em considerável espaço de tempo”, argumentou Sérgio Moro.
Dario Queiroz é o segundo executivo da Galvão Engenharia preso na Operação Lava Jato. Desde novembro do ano passado, Erton Medeiros Fonseca, está preso em Curitiba.
Ao prestar depoimento à Justiça, após ser preso, Medeiros admitiu que participou em 2010 de uma reunião com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e João Claudio Genu (ex-assessor do PP) para acertar o pagamento de R$ 4 milhões em propina, por meio de contratos fraudulentos entre a empreiteira e as empresas de fachada de Youssef.
De acordo com o depoimento do executivo, a empreiteira aceitou pagar os valores porque “poderiam ser prejudicados junto à Petrobras em razão do poder do então diretor [Paulo Roberto Costa]”.
Medeiros disse que pagou propina à Diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque. O empresário Shinko Nakandakari, era o responsável pela intermediação dos pagamentos, acrescentou o empresário.
Para provar as afirmações, Medeiros apresentou documentos que registram o repasse de R$ 8 milhões para Nakandakari, entre novembro de 2010 e junho de 2014, quando a operação já tinha sido deflagrada.
A defesa de Renato Duque nega que o ex-diretor tenha recebido propina durante o período que ele ocupou o cargo.