A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (31) que o governo prepara um "grande corte" nos gastos.
"Agora é a nossa vez. Vamos conter nossos gastos", disse Dilma em entrevista à agência Bloomberg, poucas horas depois de o Banco Central divulgar os dados sobre o resultado fiscal do setor público em fevereiro.
O setor público (governo central, estatais, Estados e municípios) teve deficit primário de R$ 2,3 bilhões em fevereiro e acumula um superavit primário de R$ 18,8 bilhões nos dois primeiros meses do ano, 15% menos que no mesmo período do ano passado.
O resultado de fevereiro torna mais difícil a obtenção da meta de superavit primário de 1,2% do PIB neste ano --equivalente a R$ 66 bilhões.
Com o agravamento do cenário, a presidente afirmou nesta terça que prepara um grande enxugamento em todas as atividades administrativas.
"Eu farei tudo para atingir 1,2%, não é só uma questão de crença, é de ação política."
Segundo ela, o governo vai ter de racionalizar gastos e "defasar outros".
"Vamos criar vários mecanismos. Diria que essa é a parte em que o governo entra e o nosso pedaço vai ser grande."
LEVY
A presidente voltou a defender o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após o caso em que a Folha de S.Paulo revelou que o dirigente disse Dilma, apesar de genuína, nem sempre faz as coisas de maneira simples e eficaz.
"Levy disse que não há necessariamente, uma única forma de se chegar a uma medida. Às vezes, eu até prefiro a mais rápida. É o meu jeito de ser. Às vezes, tem de se construir, politicamente, outro caminho", disse Dilma.
De acordo com ela, Levy "é muito importante para o Brasil hoje, ele tem muita firmeza".
Na segunda-feira (30), Dilma afirmou "clareza de que ele [Levy] foi mal interpretado".
"Ele falou que nós, e agradeço o elogio dele, acha que fazemos imenso esforço para fazer o ajuste", disse Dilma após entregar unidades do Minha Casa, Minha Vida em Capanema (a 152 km de Belém).