A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (31) que não fará uma visita de Estado aos Estados Unidos, mas, sim, uma visita de trabalho, o que tem uma simbologia menor nas relações diplomáticas.
Em entrevista à agência americana Bloomberg, divulgada nesta quarta (1º), Dilma explicou a mudança como uma questão de agenda.
"Se eu fosse fazer uma visita de Estado, teria que ser em março do ano que vem, mas já seria um período eleitoral [início das primárias nos EUA]. Então eu não vou fazer uma visita de Estado. Provavelmente eu vou fazer uma visita de governo ainda neste ano", afirmou.
As negociações para a realização da viagem foram retomadas no fim do ano passado, quando o governo americano fez gestos de reaproximação diplomática com o Brasil depois que a visita inicialmente agendada foi cancelada por causa do vazamento dando conta de que os EUA haviam espionado a presidente brasileira.
Na entrevista à agência americana, Dilma minimizou o caso e disse que as revelações de espionagem não interromperam a relação comercial entre os dois países.
"Quando aconteceu aquele problema com a NSA [agência de segurança dos EUA], nós não paramos o nosso relacionamento", disse em meio a uma explicação sobre os interesses comerciais do Brasil nos Estados Unidos.
Dilma se encontrará com o presidente americano, Barack Obama, na próxima semana, durante a realização da Cúpula das Américas, que acontecerá em 10 e 11 de abril, no Panamá.
Na entrevista, Dilma confirmou que o encontro será em uma reunião bilateral.
Apesar do caso de espionagem, Dilma afirmou que o encontro com o colega americano será importante para a reafirmação da democracia no continente.
Ela destacou ainda que, na agenda bilateral dos países, haverá discussão principalmente sobre a área de energia.
A petista, no entanto, ressaltou que o mundo atual exige relações multilaterais dos países.
"O Brasil tem relação histórica com os Estados Unidos. Mas, no mundo hoje, precisamos buscar o multilateralismo, e não achamos que uma relação com um país se dá em detrimento do outro", disse.
"É um gesto que eu acho simbólico para a América Latina. E por isso eu digo que me comoveu, porque ele rompe velhos preconceitos de lado a lado. E conduz a um outro caminho de possibilidades aqui na América Latina", completou.