O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, confirmou nesta quarta-feira (13) que o governo estuda medidas para aumentar os recursos do financiamento imobiliário, mas destacou a necessidade de que levem em conta o ajuste fiscal em curso.
"Tudo isso tem de ser num contexto em que o ajuste fiscal tem impacto direto. Quanto mais cedo a gente resolver essas questões, não só podemos tratar de outras questões, como a economia começa a ir na direção que estamos procurando", afirmou a jornalistas, na embaixada do Brasil em Londres, após dois dias de encontro com investidores britânicos.
Questionado sobre o uso dos depósitos compulsórios (parte da poupança retida pelo Banco Central) para financiar imóveis, Levy não descartou a possibilidade, mas disse que as alternativas estão ainda sendo avaliadas.
"A questão está sendo estudada. Quais as alternativas? Não tem nada estabelecido no momento, especulações são só especulações", afirmou.
Principal fonte de crédito do financiamento de imóveis, a poupança tem sofrido redução por causa de saques, prejudicando o setor.
"Num financiamento você tem que ver as diversas fontes. Essas fontes estão correlacionadas com o próprio tamanho da quantidade de depósitos. Não são recursos públicos, são recursos do sistema que podem ser canalizados para novos financiamentos", disse Levy.
Levy enfatizou que o programa Minha Casa, Minha Vida, que envolve subsídios direto do governo e passa por atrasos em repasses, continua sendo "prioridade". "Estamos comprometidos com o programa", declarou.
Conforme reportagem da Folha de S.Paulo mostrou nesta terça-feira (12), o governo estuda permitir, por exemplo, que recursos do FGTS (fundo de garantia) sejam usados para conceder crédito na compra de imóveis de até R$ 300 mil -hoje, o teto é de R$ 190 mil, voltado para financiar habitação popular e o programa Minha Casa, Minha Vida. O objetivo é aumentar o volume de recursos destinados ao crédito imobiliário, já que o saldo das cadernetas de poupança, usado para esse fim, vem baixando há meses.
REDUÇÃO DE RISCOS
Levy aproveitou a entrevista para fazer um balanço do seu encontro com os investidores britânicos. As reuniões giraram em torno, sobretudo, de investimentos em infraestrutura no Brasil.
O ministro reafirmou o discurso de que o Brasil vive um período de "transição", "temporário" no ano de 2015, para voltar a crescer no ano que vem.
Segundo o ministro, as conversas serviram para mostrar a situação econômica do país e detalhar as medidas tomadas em busca do crescimento a partir de 2016.
Nas palavras dele, os "riscos" levantados pelos investidores no começo do ano em relação ao crescimento do Brasil "diminuíram drasticamente" nos últimos quatro meses.
Entre os temas citados por ele estão a questão fiscal, o futuro da Petrobras e o fornecimento de energia no país. "Esses riscos foram tratados pelo governo e e estão evoluindo de maneira positiva, o que diminui a preocupação em relação ao crescimento", disse.
Participaram da entrevista na embaixada jornalistas brasileiros e britânicos. Ao responder em inglês sobre os cortes, o ministro afirmou aos repórteres estrangeiros de que o se tratava de um tema "paroquial".