Uma comitiva de oito deputados da CPI da Petrobras já está em Londres para ouvir nesta terça-feira (19) o ex-diretor da SBM Offshore Jonathan Taylor, delator do esquema de corrupção envolvendo a empresa e a Petrobras. A reunião da CPI com o executivo britânico foi marcada após entrevista de Taylor à Folha de S.Paulo do dia 14 de abril, em que revelou ter entregue à CGU (Controladoria-Geral da União) um dossiê sobre o caso durante a campanha eleitoral passada.
Taylor acusou a CGU de esperar a reeleição da presidente Dilma Rousseff para abrir processo contra a SBM no dia 12 de novembro.
A CPI vai ouvir Taylor na condição de colaborador. A comissão espera em Londres receber, entre outras coisas, detalhes da relação da SBM com o lobista brasileiro Julio Faerman, apontado como intermediário do esquema de propina da empresa a servidores da Petrobras.
"O sr. Taylor tem demonstrado um grande interesse em contribuir com a CPI. Ele vai ser ouvido para contribuir, não como investigado, temos que deixá-lo à vontade", disse o vice-presidente da CPI Antonho Imbassahy (PSDB-BA), que lidera a comitiva em Londres.
O subrelator André Moura (PSC-SE) destacou a importância em analisar as informações do executivo, que trabalhou na SBM entre 2003 e 2012.
"A contribuição do Taylor é de grande importância. Aquilo que foi encaminhado por ele à CGU, a gente sabe que talvez tenha sido colocado à disposição somente após o período da eleição. Tudo isso levanta suspeita", afirmou.
Em 27 de agosto de 2014, Taylor entregou à CGU uma série de documentos por e-mail. No dia 3 de outubro, ele prestou depoimento a três servidores da CGU que o visitaram no Reino Unido.
Entre o material repassado está a comprovação de que pelo menos US$ 31 milhões de recursos da Petrobras foram parar em uma empresa de Faerman sediada nas Ilhas Virgens Britânica, um paraíso fiscal.
Na ocasião do contato com a CGU, pouco se sabia sobre o caso -somente no fim de novembro, por exemplo, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco revelou às autoridades brasileiras, em delação premiada, ter recebido propina de Faerman oriunda de contrato com a SBM.
A controladoria nega protelação política e minimiza a contribuição do delator. O órgão alega que tomou a iniciativa de instaurar ação contra empresa após obter indícios de materialidade de irregularidades no âmbito de uma sindicância aberta em abril. Hoje, os dois lados, CGU e SBM, negociam um acordo de leniência.
Jonathan Taylor fez parte de uma auditoria da SBM no primeiro semestre de 2012 sobre supostos pagamentos de propina feitos pela empresa em países da África e no Brasil, quando ele então teria tido acesso aos documentos da empresa.
Ele afirma que a SBM e a Petrobras sempre tentaram abafar as investigações. O caso, diz, só foi apurado depois que dados da apuração interna foram publicados na Wikipedia em outubro de 2013.
A SBM acusa Taylor de ser o autor desse vazamento e de chantagear a empresa em troca do silêncio. O executivo não comenta sobre a autoria dessa divulgação na internet e nega qualquer tipo de ameaça à empresa holandesa.