Em entrevista à TV francesa 'France 24', a presidente Dilma Rousseff demonstrou que a crise entre Brasil e Estados Unidos diante da espionagem norte-americana.
"Nas minhas conversas com o presidente Barack Obama ficou decidido que essas interceptações jamais vão ocorrer novamente", disse a presidente. A conversa foi ao ar nesta segunda-feira (8). Questionada pelo jornalista se ela confia na declaração do presidente dos EUA, Dilma foi enfática: "Eu confio que o presidente Obama não permitirá isso em relação ao Brasil. Eu confio porque ele me prometeu isso".
Temas da pauta internacional foram abordadas no encontro — como o acordo de livre comércio entre Brasil e União Europeia e a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos. Para Dilma é preciso "lutar para suspender o bloqueio comercial" da ilha cubana. Essa decisão, no entanto, cabe aos parlamentares dos EUA.
"É importante que o Congresso dos EUA apoie o presidente Obama".
MERCOSUL-UNIÃO EUROPEIA
Sobre o acordo entre os blocos, Dilma afirmou que há condições para se fazer a troca de ofertas. O que é preciso, então, é a definição de uma data para isso.
Ela demonstrou ainda que os países do Mercosul estarão unidos na entrega de sua oferta. "O Brasil não pretende assinar nenhum acordo em separado. Tanto o Brasil quanto a União Europeia têm a mesma regra de flexibilidade. O que é possível é você fazer um acordo diferenciado por país."
AJUSTE FISCAL
No plano interno, a presidente foi questionada sobre o escândalo de corrupção na Petrobras e as medidas de ajuste fiscal encaminhadas ao Congresso. Dilma defendeu a posição do governo sobre o tema: "Governo de esquerda, de direita ou de centro, quando percebe que é necessário mudar, tem que fazê-lo. Tem que ter coragem de fazer".
Ela argumentou que o ajuste é necessário para que o país volte a crescer "de forma mais rápida" e negou que os cortes trarão prejuízos na área social.
"Eu acredito que um governo de esquerda tem de demonstrar ser capaz não só de fazer uma política social, mas também de saber fazer uma política macroeconômica de estabilização. Porque nós, um governo de esquerda, temos o compromisso de não elevar o desemprego a taxas absurdas, como ocorreu em vários países europeus", concluiu.
ABORTO
Dilma se esquivou ainda de se posicionar sobre a legalização do aborto no Brasil — prática permitida na França.
Ela afirmou que o aborto hoje é permitido "em casos importantíssimos" e disse que o Brasil "vai ter um processo longo para evoluir nessa área". "É possível que nem todas as mulheres defendam isso", ponderou.
Para Dilma, o Estado não deve intervir no assunto e, por isso, é preciso "guardar o que pensamos para nós". "E enquanto mulher?", questionou o jornalista em seguida sobre a opinião pessoal de Dilma. "Eu enquanto mulher sou presidente. É isso que é ser presidente", encerrou.