No dia seguinte ao comando nacional do PT ter decidido não fazer um desagravo público a José Dirceu, o ministro-chefe da Secretária Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, considerou nesta quarta-feira (5) que o petista deve ser defendido por sua equipe jurídica.
Com receio dos impactos da prisão do petista na imagem da sigla, que enfrenta uma das maiores crises de sua história, a cúpula nacional do partido tem evitado se pronunciar sobre o caso, em uma tentativa de se descolar da imagem do ex-ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"O ex-ministro José Dirceu deve ter o seu direito de defesa e deve se defender a partir de seus advogados" disse. "E me parece que o que temos de assegurar é este direito fundamental, democrático e legal que é o direito de defesa", acrescentou.
O petista foi preso nesta segunda (3), na casa onde mora, em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco.
Ele foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras.
Para os investigadores, o esquema foi "sistematizado" no governo Lula e reproduziu a prática do mensalão.
O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, afirmou nesta segunda que os pagamentos recebidos pela empresa de seu cliente referem-se todos a serviços prestados. A prisão de Dirceu não tinha "justificativa jurídica", segundo o defensor, que a classificou como "política".
PEC
Em almoço na sede da UGT (União Geral dos Trabalhadores), na capital paulista, o ministro reconheceu que o governo federal tem acompanhado com preocupação a tramitação da PEC 443, que equipara os salários de delegados e servidores da AGU (Advocacia-Geral da União) aos do Poder Judiciário.
Nesta terça-feira (4), a Câmara dos Deputados votou contra a derrubada da proposta, na primeira derrota do governo federal na volta do recesso parlamentar. A medida precisa ser ainda apreciada pelo Senado Federal.
"Nós estamos acompanhando esse tema e, obviamente, temos limites de natureza fiscal. O Congresso Nacional tem grande responsabilidade nesse equilíbrio fiscal das contas públicas", disse.
Segundo o ministro, as chamadas "pautas-bomba", que aumentam os gastos do poder público, são vistas com preocupação não apenas pelo governo federal, mas também pela sociedade brasileira.
"Projetos que rompam com o equilíbrio fiscal não são positivos para o nosso país e não têm sustentabilidade. Por isso, preocupam a todos nós", disse.