A CPI de Crimes Cibernéticos, que deve ser instalada na semana que vem, será palco de novo embate entre o Planalto e oposição em meio à crise político do governo Dilma Rousseff.
Um dos alvos da comissão será o suposto uso de dinheiro público do governo para financiar apoiadores na internet e contratos da campanha presidencial de Dilma em 2014 com empresas de comunicação digital.
Parlamentares querem investigar o uso da chamada "guerrilha virtual" por parte de petistas para atacar adversários.
A oposição pretende fazer uma devassa em contratos da agência Pepper Comunicação e na estrutura utilizada pelo ex-ministro Franklin Martins, coordenador do site Muda Mais, durante a campanha presidencial de Dilma.
Segundo a reportagem apurou, o governo já foi avisado da estratégia dos parlamentares.
A assessoria do Planalto informou que "o governo está à inteira disposição para prestar contas à sociedade". "Todas ações realizadas pelas mídias digitais do governo são institucionais e amparadas pela legislação vigente no país."
A CPI será presidida pela deputada tucana Mariana Carvalho (RO) e relatada por Esperidião Amin (PP-SC).
O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), que será um dos sub-relatores, confirma que um dos principais focos será a investigação da relação entre o governo e seus apoiadores na internet.
"Com certeza precisamos avaliar essa instrumentalização da internet paga com o dinheiro público. Esse processo de difamação de adversários está sendo financiado com dinheiro público, portanto essa estrutura de comunicação do governo precisa ser investigada", afirmou.
Coelho destaca que um dos investigados será o site pró-governo "Brasil 247". Segundo o lobista Milton Pascowitch, a Editora 247 Ltda, que edita o site, recebeu R$ 120 mil do esquema da Lava Jato a mando do tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto. O pagamento teria o objetivo de comprar o apoio político do site.
A Editora 247 nega. Em nota, afirma que foi contratada para produzir "conteúdo sobre o setor de engenharia" e que os serviços foram prestados.
A Pepper não comentou e Franklin Martins não foi localizado pela reportagem.
OPERAÇÃO
Contratada pelo PT, hoje a Pepper tem equipes responsáveis pela produção de conteúdo da agência de noticias do PT, do site da presidente Dilma e de outras páginas ligadas à legenda.
A agência está na mira da Polícia Federal na Operação Acrônimo. Os policiais suspeitam que a mulher do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, seja sócia oculta da Pepper. Segundo as investigações, a condição oculta seria para escamotear valores recebidos pela agência do BNDES.