A uma semana de ser sabatinado pelo Senado para sua recondução ao cargo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não deverá enfrentar mais dificuldades no processo por causa das denúncias apresentadas nesta quinta-feira (20) contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador Fernando Collor (PTB-AL), segundo avaliação de alguns senadores. Para eles, não deverá haver "espírito de corpo" porque seria um gesto mal visto pela sociedade.
"Uma coisa não tem nada a ver com a outra", afirmou o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE). "A sabatina do Janot será feita dentro de um espírito de esclarecimento e a liberdade dos senadores de questionar qualquer coisa. O procurador virá enfrentar uma sabatina como enfrentaram outras autoridades que devem ser sabatinadas. Faz parte também do princípio institucional e da democracia", defendeu o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Para o peemedebista, não há "nenhum tipo de prevenção ou de atitude contra o procurador". "Espero que ele possa vir aqui e se sair bem pelo trabalho que está realizando", disse Jucá.
Para o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), não há indisposição da Casa com Janot. "Ele tem credibilidade para tal. Ele vai ser questionado, vão existir perguntas e ele vai dar as respostas. E em função da sabatina e do grau de convencimento que ele possa produzir, ele terá chance de passar. Há indisposição da Casa com Janot? Não, não há", disse.
Para ser reconduzido ao cargo, Janot deverá ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, após a sabatina, e também deverá ter seu nome referendado pela maioria dos 81 senadores em votação no plenário. De acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a sabatina e as duas votações devem acontecer na próxima quarta-feira (26).
Também denunciado nesta quinta, o senador Fernando Collor (PTB-AL) contestou nesta quarta-feira (19) o relatório apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) favorável à recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo no Ministério Público.
Segundo Collor, Janot tem omitido da documentação entregue à CCJ informações sobre a sua conduta, como por exemplo, que é alvo de investigações no TCU (Tribunal de Contas da União). O senador apresentou um "voto em separado" por considerar que faltam informações suficientes para que os senadores possam decidir sobre a recondução de Janot.