Apesar de defender a redução do número de ministérios, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou na segunda-feira (24) o anúncio feito pelo governo federal de que irá cortar 10 dos 39 ministérios. Para o tucano, o PT se "rende ao óbvio" e o corte vem com "injustificado atraso", sendo apenas uma medida de um governo "em busca de algum oxigênio".
"Vemos hoje o governo do PT se render ao óbvio ao anunciar, com injustificado atraso, o corte de ministérios e cargos, prometendo um redesenho da pesada e onerosa máquina administrativa petista. Medida que foi violentamente rechaçada pela candidata do partido [a presidente Dilma Rousseff] na campanha eleitoral, quando a propusemos. A redução de ministérios e cargos é necessária, mas melhor seria se realizada com convicção, e não por um governo em busca de algum oxigênio para continuar a existir", afirmou Aécio em nota.
Pressionada pela crise política e econômica que acomete seu governo, a presidente Dilma Rousseff autorizou a redução de pastas até setembro, além de reduzir o número de secretarias e cargos comissionados da União, conforme anunciou nesta segunda-feira (24) o ministro Nelson Barbosa (Planejamento).
Em situação difícil no Congresso, com a base aliada se desfazendo e dificultando a aprovação de projetos de interesse do Palácio do Planalto, Dilma resistia ao corte das pastas. Durante a campanha eleitoral de 2014, Dilma chegou a criticar as propostas de redução da Esplanada apresentadas por seus adversários, o próprio Aécio e Eduardo Campos (PSB-PE), que morreu durante a campanha e foi substituído por Marina Silva (PSB-AC).
A petista afirmava que quem defendia o corte possuía uma "imensa cegueira tecnocrática".
Para Aécio, o governo da petista perdeu credibilidade e por isso, mesmo a redução de pastas pode ter um efeito "muito aquém daqueles necessários".
"Medidas tomadas para atender circunstâncias costumam ter efeitos muito aquém daqueles necessários, como os que assistimos também na área econômica. Continua, no entanto, faltando ao governo o que seria essencial para que essas e outras medidas sejam adequadamente implementadas: credibilidade. Um ativo que, na política, quando se perde, é difícil ser recuperado", disse.
'ANÚNCIO IMPRECISO'
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), criticou o que chamou de "anúncio impreciso" feito pelo governo, que não determinou ainda quais pastas serão extintas.
Para o senador, o fato de o Planalto não apresentar mais informações sobre o valor que será economizado com a medida e nem quais ministérios serão atingidos, mostra apenas que as medidas adotadas pelo governo para conter a crise estão sendo feitas de forma "atabalhoada".
"O governo, na voz do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, atua de forma atabalhoada e irresponsável. Esse anúncio sem qualquer detalhe gera desconfiança no mercado e faz o país perder credibilidade", disse Caiado, também por meio de nota.