As inserções partidárias do PMDB que vão ao ar nesta semana na TV trazem figuras importantes do partido discursando sobre a "verdade", sobre a crise por que passa o País e a importância do diálogo e da unidade para o Brasil avançar. "Nada pode barrar a verdade, nada pode parar o Brasil", diz o vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer, ao fim de uma das inserções, sem contudo esclarecer a que verdade se refere. "A verdade é sempre a melhor escolha", diz ao fim de outra das propagandas - sem também esclarecer. "O PMDB não tem medo da verdade que virá", diz em outro dos oito vídeos.
Na mesma linha, o ex-ministro Moreira Franco e o senador Romero Jucá (RR) disseram que "aceitar a verdade é a única maneira de mudar. E a verdade é que não dá para manter o País desacreditado e os brasileiros pagando essa conta".
Em outra inserção, em que é o único porta-voz do partido, Temer destaca que o País é "maior e mais importante do que qualquer governo". "A hora é de diálogo, é de ouvir, de reunificar a sociedade. O Brasil é um só e sempre vai ser maior e mais importante do que qualquer governo. Esta é a verdade", diz o vice. Neste mesmo vídeo, Temer reconhece que o momento é difícil mas diz que o País já superou crises piores, que pareciam "insuperáveis". "Sempre demos a volta por cima e não vai ser diferente agora. O momento pede equilíbrio, o momento pede grandeza e de todos." Moreira Franco aparece exaltando Ulysses Guimarães como "hábil conciliador" que dizia "vamos sentar e conversar".
Com o preto absoluto de fundo e uma música que dá um tom de dramaticidade, todas as oito inserções de 30 segundos divulgadas pelo partido via Facebook passam um ar de seriedade, de reconhecimento da crise e da necessidade de um diálogo suprapartidário.
Assumir o erro
Em um dos vídeos, com predominância de porta-vozes mulheres, o PMDB diz que a verdade é que o Brasil "errou" e precisa assumir isso para mudar - um discurso que até então era típico do principal partido de oposição, o PSDB. "Aceitar a verdade é o primeiro passo para avançar", dizem em sequência a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, e a ex-deputada Fátima Pelaes (AP) e a deputada Simone Morgado (PA). Mas a pressão pela mea-culpa também aparece na boca de porta-vozes masculinos, como Jucá. "O Brasil fez apostas que não deram certo", diz o senador.
Cunha e Renan
Maior crítico do governo Dilma dentro do PMDB, Cunha também ganhou, como Temer, uma inserção para si. Denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento no esquema de propinas da Petrobras, Cunha não deixa de falar do tema escolhido pelo partido, mas diz que "cada um tem a sua verdade". "Eu tenho a minha", reitera. "Como presidente da Câmara eu tenho como verdade que é meu dever defender sua independência, cumprir rigorosamente a Constituição e, acima de tudo, priorizar o que é de interesse da sociedade. Democracia é isso, é nisso que eu acredito. Chegou a hora da verdade, chegou a hora de escolher o Brasil que queremos", completa.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), também tem uma inserção própria, na qual diz que "governos passam e o Brasil sempre vai ser maior do que qualquer governo". Renan vende ainda indiretamente a Agenda Brasil, articulada por ele como uma solução para tirar o País da crise. "O importante é que prevaleça uma agenda que faça diferença na vida dos brasileiros" diz.