PF encaminha ao Supremo dados novos sobre caso de Anastasia na Lava Jato

Corporação investiga se Anastasia teria recebido um pagamento em dinheiro de Alberto Youssef
da Estadão Conteúdo
Publicado em 03/09/2015 às 11:55
Corporação investiga se Anastasia teria recebido um pagamento em dinheiro de Alberto Youssef Foto: Foto: Agência Brasil


Apesar de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido na última semana o arquivamento das apurações contra o senador e ex-governador de Minas Antonio Anastasia (PSDB), a Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, relator do caso na Corte, documentos que supostamente trazem novos elementos ao caso.

O material enviado pela PF tem origem em uma denúncia feita por uma "cidadã comum" ao gabinete pessoal da Presidência da República, em janeiro deste ano. Na denúncia, a autora descreve uma residência na qual um dos mensageiros do doleiro Alberto Youssef teria efetuado um pagamento em dinheiro a um político que a PF investiga se é Anastasia. 

A denúncia relaciona o endereço descrito pelo ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira (conhecido como Careca) para suposta entrega de dinheiro a pessoa "parecida" com o tucano a um imóvel pertencente a um engenheiro de Belo Horizonte. 

Embora a autora pedisse anonimato, o nome dela é identificado na denúncia, encaminhada ao Ministério da Justiça e à PF. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a denunciante já trabalhou na secretaria de Planejamento do governo de Minas Gerais, ainda na gestão tucana, encerrada em 2014. 

Os fatos não constam em relatório da PF anterior ao pedido de arquivamento feito pelo procurador-geral, tampouco aparecem na própria solicitação assinada por Janot para encerrar a investigação do senador mineiro. O jornal apurou que procuradores não tinham conhecimento da denúncia encaminhada ao Planalto ao pedirem o arquivamento das investigações.

Após a chegada dos novos documentos da PF ao Supremo no início desta semana, o gabinete de Zavascki deu vista ao caso novamente ao Ministério Público, para manifestação. Investigadores admitem, reservadamente, a possibilidade de "fatos novos" prorrogarem a apuração sobre Anastasia. 

Mesmo após pedido de Janot, o caso ainda não foi arquivado, pois depende de um despacho do ministro Teori Zavascki.

Ao pedir ao STF o arquivamento da investigação sobre Anastasia, Janot argumenta que as declarações de Careca não se confirmaram, mas pondera que a ausência de indícios "não inviabiliza que, caso, no futuro, surjam dados minimamente objetivos que justifiquem e permitam uma apuração em relação ao Senador, se retorne as investigações", escreveu o procurador-geral.

Para Maurício Campos, advogado de Anastasia, é "absurdo casuísmo" a juntada de diligências que "sequer constavam do relatório parcial do delegado do caso" em junho. O advogado classifica como "estranho" o fato de a denúncia ser "tão antiga" quanto a instauração do inquérito, do início do ano. 

"As tentativas de vinculação de endereços e residências no bairro Belvedere, (na zona sul da capital mineira), com o senador Anastasia são especulações sem nenhum compromisso com a verdade, que tentam dar sobrevida a um procedimento que jamais deveria ter sido instaurado contra ele", disse Campos.

A assessoria do senador disse ainda que "confia no arquivamento solicitado pelo procurador-geral e pelo seu acolhimento pelo Supremo".

No relatório da PF são citados dois endereços para a suposta casa onde o dinheiro teria sido entregue ao senador. Ambos no bairro de Belvedere, em Belo Horizonte, distantes cerca de 800 metros. Além da residência apontada pela denunciante, em uma primeira apuração, a PF chegou a um imóvel que pertenceria a um funcionário da Assembleia Legislativa de Minas.

No relatório, é sugerida "a existência de relevantes vínculos entre os atuais e antigos moradores da residência localizada na Av. José Maria Alkimim, 876, bairro Belvedere, Belo Horizonte/MG, e o grupo de sustentação política do senador Antonio Augusto Junho Anastasia".

Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência diz que "não comenta" investigações em andamento. Além disso, "o Planalto desconhece os conteúdos dos documentos aos quais o jornal teve acesso, sendo assim, não há comentários para serem feitos".

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