O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa quinta-feira (3) à presidente Dilma Rousseff estar preocupado com o afastamento do vice-presidente Michel Temer e de seu partido, o PMDB, do governo e afirmou que a sucessora precisa "repactuar" a relação com o aliado o mais rápido possível.
Dilma rebateu que, esta semana, reuniu-se pessoalmente com Temer e com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), este formalmente rompido com o Palácio do Planalto, para pedir ajuda em busca de saídas ao rombo fiscal e à crise econômica.
Lula, por sua vez, disse que isso não era suficiente, visto que setores do governo estão preocupados com movimentos de alguns peemedebistas e que o sentimento era de "conspiração".
Cunha e uma ala do partido defendem antecipar o congresso do PMDB, marcado para novembro, com o objetivo de discutir a saída do governo.
Nessa quarta-feira (2), em almoço no Palácio da Alvorada, Temer também recusou sondagem de Dilma para reassumir a articulação política do Planalto e reclamou de ter sido excluído dos debates sobre a recriação da CPMF, o chamado imposto do cheque.
O vice afirmou que pode ajudá-la "pontualmente" no Legislativo, mas que não deseja retornar ao varejo nas negociações políticas com o Congresso, como a discussão de cargos e emendas.
O gesto de Temer foi interpretado por aliados do vice e alguns auxiliares da presidente como "um pé para fora do barco".
Foi Dilma quem convidou Lula para reunião a sós no Alvorada, no fim da tarde dessa quinta-feira (3). Os dois estavam tentando uma conversa pessoalmente desde a discussão do atraso do pagamento do adiantamento de metade do 13º dos aposentados, que Lula avaliava como "absurdo". Dilma voltou atrás após a pressão do padrinho político.