O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta segunda-feira (14) que houve "uma confusão entre governar e fazer campanha eleitoral", em uma crítica às políticas adotadas pela gestão Dilma Rousseff.
Para exemplificar seu ponto de vista, o magistrado citou o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). "A gente percebe que o programa de governo estava associado a um programa eleitoral, medidas que eram tomadas com objetivo eleitoral", disse.
O ministro falou em um seminário organizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo, com o objetivo de discutir possíveis saídas para a crise. Segundo ele, além dos impactos políticos e econômicos, o governo passa por uma crise de legitimidade e de credibilidade, o que dificulta o aumento de impostos -uma das medidas estudadas para reduzir o deficit no Orçamento de 2016.
"Como você pede sacrifício [aumento de impostos], quando as pessoas acham que houve gastos excessivos, demasiados e sem controle? Quando as pessoas acham que há uma prática sistêmica de corrupção?", indagou Mendes. "Então há uma crise de legitimidade, esse é o debate que nós estamos vivendo."
O ministro do STF, que também é vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que investigue eventuais crimes eleitorais por parte da chapa de Dilma. O caso ainda será julgado no tribunal.
Por fim, ao comentar como o país pode sair da crise em que está imerso, Gilmar Mendes voltou-se aos políticos. "O Brasil passou por vários momentos difíceis e sempre atravessou via uma engenharia institucional, a habilidade de seus políticos", disse. "Espero que nós tenhamos essa habilidade."