Em reunião no Palácio do Planalto com Dilma Rousseff, líderes de partidos governistas criticaram na manhã desta terça-feira (15) o pacote de reequilíbrio das contas apresentado pelo governo no dia anterior. Os principais alvos foram a tentativa de recriar a CPMF e a retirada da autonomia dos deputados na destinação das emendas parlamentares para suas obras paroquiais.
Em relação ao novo tributo sobre operações financeiras -principal medida do pacote-, houve um discurso generalizado de que dificilmente a cobrança será aprovada no Congresso. Para isso, é preciso o apoio de pelo menos 60% dos deputados e dos senadores.
Já em relação às emendas, que pela proposta do governo iriam obrigatoriamente sanar o corte nas grandes obras, coube ao maior aliado do governo, o PMDB, criticar a medida.
Segundo relatos, o líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse ser politicamente inviável convencer os deputados a deixar de beneficiar seus redutos eleitorais para direcionar recursos para grandes obras do PAC.
Dilma teria falado pouco nesse encontro, de acordo com deputados ouvidos pela reportagem. Ela marcou nova reunião para quinta (17) com os legisladores.
FÉRIAS
Um dos momentos mais tensos da reunião ocorreu após a fala do deputado Rogério Rosso (DF), líder da bancada do PSD, partido do ministro Gilberto Kassab (Cidades).
O deputado cobrou do ministro Joaquim Levy (Fazenda), presente ao encontro, que ele adotasse uma posição menos financista e mais em prol do estímulo ao setor produtivo. Segundo o relato do deputado, em um momento em que Dilma não estava na sala, Levy respondeu, com voz exaltada, que o Congresso foi um dos responsáveis pela retirada do selo de bom pagador do Brasil por uma das agências de classificação de risco -a Standard & Poor's.
"Eu sugeri então que ele [Levy] tirasse umas férias e colocasse no lugar dele um desenvolvimentista. Daí a gente iria ver em 30 dias qual seria o comportamento da economia", afirmou Rosso.
De acordo com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), a bancada também rejeita a recriação da CPMF. O deputado afirma que seu partido irá apresentar a Dilma proposta de renegociação de grandes débitos que o governo tem a receber como forma de engordar o caixa.
No plenário da Câmara, o deputado petista João Daniel (PT-SE) subiu à tribuna para ler posição do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) crítica à política econômica do governo e às propostas de ajuste fiscal. "O PT está firme com a presidente Dilma e em defesa da democracia, mas ela tem que implantar o projeto para o qual foi eleita. Onde houver retirada do direito dos trabalhadores, sou contra", disse o deputado.
Entre as medidas anunciadas na segunda, está o congelamento por alguns meses do reajuste dos servidores públicos federais, setor com forte influência sobre o PT.