Apesar das declarações de deputados, tanto da base aliada como da oposição, de que poderiam votar os vetos presidenciais na semana que vem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não convocou nenhuma sessão conjunta do Congresso para os próximos dias. Os vetos deverão ser analisados apenas em novembro.
Após três tentativas frustradas de se votar as matérias que, se aprovadas, elevariam os gastos públicos, Renan avisou a aliados que não convocaria nova reunião sem a certeza de que haveria quorum para a votação.
Na quarta (7), Renan afirmou que uma nova sessão só deverá ser marcada quando for "prudente e recomendável convocar o Congresso".
De acordo com o regimento do Congresso, as sessões conjuntas são convocadas na terceira semana de cada mês.
Cunha afirmou nesta sexta (9) que acredita em uma convocação na próxima semana. Cabe a Renan, que é também presidente do Congresso, a decisão de convocar uma sessão extraordinária. Ele deve, no entanto, seguir as regras do regimento e marcar uma nova sessão apenas para o dia 17 de novembro.
INFIDELIDADE
A votação dos vetos era considerada pelo Planalto como a primeira prova de fidelidade da base após a reforma ministerial, que cedeu mais um ministério ao PMDB, e contemplou outros, como o PDT.
Duas sessões para a votação dos vetos foram esvaziadas. Outra reunião foi inviabilizada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se irritou com o presidente do Senado após ele não se mobilizar para retomar o financiamento empresarial de campanhas.
Diante das seguidas derrotas, líderes da base avaliaram que o resultado mostra que o governo não conseguiu reconstruir o diálogo com a Câmara e perdeu completamente o comando de sua base.
O Planalto tenta agora negociar com esses líderes, que cobram a liberação de cargos e de verba para emendas parlamentares.
Em reunião ministerial, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) reclamou que a demora para atender aos aliados foi o que gerou as derrotas no Congresso.