Horas antes de o PSOL ingressar no Conselho de Ética com pedido de cassação de seu mandato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reuniu aliados em almoço na sua casa, nesta terça-feira (13), e pediu um voto de confiança aos deputados.
Participaram do encontro legendas governistas que apoiaram sua eleição para a presidência da Câmara, além do PR e do PRB, que na ocasião apoiaram o PT. Mais cedo, Cunha havia tomado café da manhã com líderes dos partidos de oposição.
Segundo relatos de deputados que estiveram no almoço, Cunha negou que tenha contas na Suíça, mas evitou entrar em detalhes sob o argumento de que o que sabe até agora é o que leu pela imprensa. Ele exortou os aliados a manterem a confiança nele, afirmando que é vítima de uma investigação seletiva patrocinada pela Procuradoria-Geral da República.
A tese de Cunha, que é defendida por vários de seus aliados, é a de que o caso dele não deveria ter tratamento diferenciado na Câmara, sendo que há vários outros parlamentares igualmente investigados no esquema de corrupção da Petrobras.
Os líderes ficaram de consultar suas bancadas, mas o clima foi o de manutenção do apoio. Para garantir sua eleição à Câmara, e após a vitória, Cunha fechou vários acordos e ampliou seu arco de influência. Cabe ao presidente da Câmara decisões que influenciam bastante nas circunstâncias que levam um deputado a se destacar ou passar o mandato no ostracismo. A definição de relatoria de projetos importantes, por exemplo, é decisão de Cunha.
O pedido do PSOL seguirá um rito que pode ser longo no Conselho. O órgão, por enquanto, é controlado por aliados do peemedebista. Cunha só é cassado caso eventual decisão do conselho que defina essa punição seja referendada por pelo menos 257 dos 512 colegas de Cunha, no plenário da Câmara.