A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia -relatora da ação que considerou inconstitucional exigir autorização de biografados, familiares ou representantes para a publicação de biografias- recebeu nesta sexta-feira (16) o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, da Associação Nacional de Jornais.
Em seu discurso, a ministra dedicou o prêmio aos professores, ressaltando que na quinta-feira (15) comemorou-se o Dia do Professor. "Eu aprendi, a partir da minha casa -mas desde o grupo escolar no qual eu entrei com pouco menos de seis anos de idade- a ter o gosto pela palavra, pela liberdade e pelo jornal", disse, no auditório do jornal "O Estado de S. Paulo", que sediou o evento. "Porque o grupo escolar da cidade onde ainda mora o meu pai, hoje com 97 anos, tem um jornalzinho que se mantém desde a década de 40. E foi com esse jornalzinho que eu aprendi, portanto, a ler jornal."
Natural da cidade mineira de Montes Claros, a ministra frequentou uma escola pública em Espinosa, município na divisa de Minas Gerais com a Bahia.
Ainda em seu discurso, Cármen Lúcia afirmou também que os cidadãos brasileiros têm "uma dívida permanente" com a imprensa. "Portanto, como somos devedores, nós deveríamos estar premiando os jornalistas, e não recebendo [o prêmio]", disse. Mais ao fim, a ministra ressaltou a importância dos órgãos de imprensa para o trabalho do Judiciário. Segundo ela, muitas vezes reportagens servem de base para que a Justiça e o Ministério Público realizem suas tarefas de maneira satisfatória.
Dentre os laureados em edições anteriores do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa estão o ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), a Sociedade Interamericana de Imprensa, o jornal argentino "Clarín", a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e Catalina Botero, relatora especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
LIBERDADE DE IMPRENSA
No evento, a ANJ também divulgou a versão mais recente de seu relatório anual sobre liberdade de imprensa (acesse à íntegra do documento neste link ). Segundo o relatório, "a situação da liberdade de expressão no Brasil mantém-se grave, a despeito da substancial redução, nos nove primeiros meses de 2015, do número de casos de agressões".
Até setembro deste ano, de acordo com o documento, houve quatro jornalistas mortos e 11 agredidos por causa de suas atividades. Em 2014, foram quatro mortos e 92 agredidos; em 2013, quatro mortos e 101 agredidos.