Graça Foster diz a Moro que Lava Jato é 'positiva' e lamenta 'sujeirada'

Graça foi ouvida como testemunha em uma ação penal relacionada à empreiteira Andrade Gutierrez
Da Folhapress
Publicado em 20/10/2015 às 6:39
Graça foi ouvida como testemunha em uma ação penal relacionada à empreiteira Andrade Gutierrez Foto: Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil


A ex-presidente da Petrobras Graça Foster disse em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta segunda (19) que os efeitos da Operação Lava Jato são "extremamente positivos" para a empresa e lamentou a "sujeirada" em obras da companhia.

Graça foi ouvida como testemunha, por meio de videoconferência, em uma ação penal relacionada à empreiteira Andrade Gutierrez.

A ex-presidente contou que decidiu renunciar em outubro do ano passado, mas só "conseguiu" sair da empresa em fevereiro deste ano. "Em um processo de tantas denúncias, depois que veio os efeitos da Operação Lava Jato, que eu reconheço como extremamente positivos para a Petrobras, nós fizemos um trabalho de investigação interna", disse.

Em outro momento, ao falar sobre o período em que foi diretora de Óleo e Gás da empresa, até 2012, disse que foram feitos "belos trabalhos". "A gente só lamenta essa sujeirada toda que prejudicou a todos", disse.

Questionada pelo juiz e pelas partes do processo, ela disse que não tinha desconfiança sobre os ex-diretores que hoje são acusados de corrupção.

Afirmou que o então presidente da companhia José Sérgio Gabrielli dava "muita liberdade" aos diretores, enquanto ela era "muito chata" e acompanhava os assuntos mais de perto.

Mas disse que considerava "bons profissionais" os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada, hoje réus em ações da Lava Jato. Também afirmou que foi indicada para a diretoria da companhia por decisão direta da presidente Dilma Rousseff, à época ministra da Casa Civil.

Segundo Graça, a diretoria colegiada da empresa tinha a palavra final sobre os projetos da companhia, mas havia grande peso nas decisões dos diretores de cada área. "Poderíamos ter obstado [projetos], sim", disse.

PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

A ex-presidente da Petrobras disse que havia "influência do governo" na política de preços de combustíveis por meio do então ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Eu ia muitas vezes a Brasília pedir aumento de preço", contou.

Graça foi arrolada como testemunha pelo ex-diretor da Andrade Gutierrez Antônio Pedro Campello de Souza Dias, e disse não ter certeza de onde o conhece. Ela também falou sobre uma das obras investigadas na Lava Jato por suspeita de pagamento de propina, o gasoduto Urucu-Manaus (AM). "O custo do gasoduto inteiro com as estações, com pré-sal, com ramais, ficou 50% acima do preço. Foi uma obra muito cara."

A executiva também afirmou que recebeu duas visitas do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, preso há quatro meses, no seu primeiro ano como presidente da Petrobras. Em um dos encontros, falaram sobre oportunidades na área de estaleiros.

Ao final do depoimento, Graça disse que está à disposição para mais esclarecimentos e disse estar "muito orgulhosa" de conhecer o juiz Sergio Moro, ainda que por meio de videoconferência.

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