Convocados para protestar contra o projeto de lei 5.069, de autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestantes reunidos neste domingo (8) na avenida Paulista, em São Paulo, militam contra o ajuste fiscal e contra a permanência de Cunha na Presidência da Câmara dos Deputados.
Organizado pela Frente Povo Sem Medo, que reúne cerca de 30 organizações de esquerda, o protesto começou com a ocupação dos dois sentidos da avenida, na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e se dirige ao bairro Paraíso.
De acordo com o tenente Renan Chammas de Araújo, da Polícia Militar, 600 pessoas ocupam a área. Ele ressalta que o número inclui os frequentadores da feira em frente ao museu e as pessoas que transitam pela avenida Paulista. Segundo a organização, são 20 mil manifestantes.
Os cartazes contra o PL 5.069 são minoria entre as bandeiras do MTST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros).
Entre outras medidas, o projeto dificulta o aborto legal e restringe a venda de medicamentos abortivos no país. Para movimentos sociais, a proposta poderia impedir até mesmo a venda da pílula do dia seguinte.
Em seu discurso, Guilherme Boulos, lider do MTST e colunista da Folha de S.Paulo, chamou Cunha de "sem-vergonha", criticou o ajuste fiscal e o fechamento de escolas em São Paulo pela administração do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ele afirmou que a pauta contrária ao ajuste fiscal não tem " relação direta" com o PL 5.069.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que também discursou, abriu a sua fala criticando Eduardo Cunha e o processo contra seu correligionário Chico Alencar, líder do partido e um dos principais articuladores da ação que pede a cassação do mandato do peemedebista.