O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, classificou nesta terça-feira (17) como objetiva a defesa que a presidente Dilma Rousseff fez de sua permanência no cargo. O ministro tem sido alvo de críticas entre governistas e, nos últimos dias, boatos sobre a sua saída ou demissão aumentaram fortemente levando a uma especulação de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles poderia assumir o comando da pasta.
Nesta segunda (16), Dilma afirmou que Levy "fica onde está" em uma entrevista coletiva concedida a jornalistas durante a reunião do G20, na Turquia. Dilma disse ainda que gosta e respeita o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que tem dito que o prazo de validade de Levy está vencido, mas deixou claro que não tem que concordar com seu antecessor.
"Não concordo com ele e não tenho que concordar. [...] Considero o ministro Joaquim Levy um grande servidor público", disse. Questionado sobre a defesa da presidente, Levy foi sucinto. "Ela foi objetiva", disse.
O ministro se reuniu por mais de uma hora durante a tarde com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para discutir o projeto de repatriação de recursos depositados por brasileiros no exterior e que não foram declarados à Receita Federal. O texto, que já foi aprovado pela Câmara, deverá ser alterado pelo Senado.
O governo pretende alterar a proposta para mexer na destinação dos recursos levantados com a nova lei, que, de acordo com o Planalto, poderia render à União pelo menos R$ 11 bilhões caso seguisse a proposta original do projeto.
Ao defender a aprovação da proposta, Levy mudou um pouco o tom de seu discurso ao afirmar que a discussão em torno do projeto precisa ser também de uma reforma pró-crescimento e não só de ajuste fiscal. O ministro é criticado por seus opositores, principalmente, por ser acusado de falar apenas sobre a pauta única do ajuste fiscal.
"A gente pode manter ela dentro de uma perspectiva de uma reforma estrutural, uma reforma pró-crescimento e não só de ajuste fiscal mas numa reforma pró-crescimento que é o que a gente tem que ter em mente. Estar focado que já começa um novo ano, 2016, e a gente tem que estar preparado para ter um ano positivo, um ano de boas notícias", disse após o encontro com Renan.
O ministro também comemorou a aprovação da revisão da meta fiscal de 2015 com a autorização para que o governo tenha um déficit de até R$ 119,9 bilhões. A questão foi votada pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso enquanto Levy estava reunido com o peemedebista.
"Acho positivo. Traz segurança e reforça o sentimento de que o governo tem trabalhado na questão fiscal com toda a transparência. É importante o governo, primeiro, cumprir os prazos previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é um patrimônio brasileiro. E a gente, como com qualquer patrimônio, para preservar, a gente tem que estar seguindo, tem que estar cuidando. Foi isso que fizemos", disse.