Para Lula, diálogo entre governo e oposição depende de Dilma

O petista também defendeu a necessidade levar uma "proposta concreta" e de "certo respaldo" para a negociação
Da Folhapress
Publicado em 18/11/2015 às 19:44
O petista também defendeu a necessidade levar uma "proposta concreta" e de "certo respaldo" para a negociação Foto: Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (18) que o diálogo do governo com a oposição depende da presidente Dilma Rousseff (PT).

Perguntado pelo jornalista Roberto D'Avila, em entrevista na GloboNews, se é o governo que tem que puxar essa iniciativa, Lula respondeu: "Obviamente".

"A gente pode se encontrar e conversar", disse. "Se tiver assunto para conversar e [se] a presidente da República disser assim: 'vou convidar os ex-presidentes para discutir'", acrescentou.

O petista também defendeu a necessidade levar uma "proposta concreta" e de "certo respaldo" para a negociação. "Se você conversar uma vez e não tiver uma proposta concreta, você desmoraliza a proposta política", argumentou.

Para que ex-presidentes, como o tucano Fernando Henrique Cardoso, sejam chamados para conversar, Lula diz que é preciso saber se eles têm procuração dos partidos para falar.

O petista disse que é importante que "nós pactuássemos uma saída para esse país" e apontou como problema "uma confrontação de um ano entre o Legislativo e o Executivo".

Ao longo da entrevista, ele salientou que já teve uma boa relação com o PSDB, citando o apoio petista às candidaturas vitoriosas do tucano Mário Covas (1930-2001) ao governo de São Paulo em 1994 e 1998. Outro exemplo foi o apoio recebido do PSDB para a candidatura da então petista Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo em 2000, também vitoriosa.

Em julho, Lula autorizou amigos em comum a procurar FHC e propor uma conversa sobre a crise política. O Palácio do Planalto expressou apoio à iniciativa, mas a proposta acabou sendo rechaçada por setores do PSDB e, finalmente, pelo próprio ex-presidente tucano.

No mês passado, a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) defendeu a ideia de buscar diálogo com Lula e FHC. Candidata derrotada à Presidência, Marina disse que procuraria ambos para ter governabilidade no Congresso.

ERROS

Na entrevista, Lula disse que não quer tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. "Não quero tirar o Levy nem quero colocá-lo".

Ele defendeu a presidente Dilma Rousseff e a necessidade de fazer ajuste fiscal.

"E ela sabe o prejuízo que ela teve politicamente com isso [o ajuste fiscal], mas ela teve coragem de manter", afirmou o ex-presidente, para quem "responsabilidade fiscal não é mérito, é obrigação".

De acordo com o petista, a necessidade do ajuste só veio à tona após a reeleição. "Dilma começou a perceber que estava saindo mais água da caixa do que entrando água. Então, era preciso propor um ajuste. Daí, a contradição do discurso da campanha e o que aconteceu depois", afirmou.

Lula admitiu que sua sucessora cometeu erros, exemplificando a política de subsídios. O ex-presidente atribui a atual crise do Brasil ao "agravamento da crise internacional" e à "erros nossos".

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