O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta sexta (20) que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "perdeu as condições de conduzir" a Casa.
"Nossa posição em relação ao presidente da Câmara já havia sido anunciada e ontem ficou, de forma mais explícita ainda, clara. Achamos que o presidente da Câmara perdeu as condições de conduzir a Câmara dos Deputados."
Presidente do PSDB, Aécio disse ainda que a sigla não está "nessa balança de 'me salve [o mandato de Cunha] que eu lhes dou o impeachment [de Dilma Rousseff]'".
"Acho que o presidente da Câmara já teria, a meu ver, todas as condições de ter colocado essa questão [impeachment] para ser discutida, aberto o processo na Câmara, mas não vamos negociar, no que diz respeito à ética, em absolutamente nada."
As declarações foram feitas um dia após a bancada do partido na Câmara, ao lado de DEM e PPS, pressionar o peemedebista por ele ter executado manobras para impedir o avanço do processo de cassação contra ele no Conselho de Ética.
Os tucanos romperam oficialmente com o deputado no início deste mês, após considerarem insatisfatórias as explicações apresentadas pelo peemedebista sobre contas que manteve no exterior, suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras.
O movimento acelerou o esfacelamento da base de sustentação de Cunha na Câmara.
Nesta quinta (19), pela primeira vez desde que assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro, Cunha teve seu comando questionado no plenário de forma relevante, com críticas nos microfones e uma debandada de cerca de cem deputados, o que acabou derrubando a sessão que ele presidia por falta de quorum.
IMPEACHMENT
Aécio também voltou a afirmar nesta sexta que o impeachment da presidente Dilma Rousseff não depende do PSDB e que essa não pode ser a "agenda única" da oposição.
Para o tucano, apesar de Dilma ter tido suas contas de 2014 reprovadas pelo Tribunal de Contas da União, a abertura de processo para afastá-la do cargo é algo que depende de "quem tem responsabilidade" para tomar essa decisão -no caso, o presidente da Câmara.
"Nossa avaliação é de que ela [Dilma] perdeu as condições de fazer a economia voltar a girar, os empregos voltarem a ser gerados no país [...]. Precisamos ter uma solução para isso, para o dia seguinte do PT no governo", afirmou o senador.
"Enquanto isso, obviamente, vamos cobrar das autoridades que façam o que devem fazer. Nós vamos continuar apontando os equívocos do governo", acrescentou, citando as investigações sobre eventual uso de recursos desviados da Petrobras na campanha presidencial de Dilma.
Segundo ele, o partido já trabalha em um "conjunto de propostas para minimizar os efeitos dessa trágica crise na qual o PT nos mergulhou".
O texto, que será lançado na segunda semana de dezembro, terá foco na área social e servirá de trampolim para tentar recolocar o partido como protagonista da cena nacional, palco até aqui ocupado pelo PMDB.
Aécio também voltou a criticar a proposta de reinstituir a CPMF e defendeu o apoio do PSDB à DRU (Desvinculação das Receitas da União), medida do ajuste fiscal que dá ao governo mais liberdade para manejar recursos do Orçamento.
"[É] Um instrumento de governança, isso pode ajudar a melhorar, mesmo que minimamente, a execução do Orçamento na área da saúde e na área da educação, e estamos admitindo, nessa questão específica, votar favoravelmente."