O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (20) que é preciso empenho para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff. Lula disse que, antes de pensar em 2016 e 2018, é preciso tirar o governo da agonia criada pela oposição. "Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das eleições", disse, ao participar do 3º Congresso da Juventude do PT, em Brasília. "Eles não souberam perder."
Lula disse ainda que o partido pode fazer uma "surpresa" para aqueles que acham que o PT já acabou e que é fundamental que o partido se fortaleça ainda mais nas eleições do ano que vem para garantir a continuidade do seu projeto. "Não tem 2018 se a gente não tiver 2016", disse. "Nós precisamos construir 2016, precisamos ter candidatos onde puder ter candidato."
Sem citar os prováveis adversários do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Lula afirmou que a mídia trabalha para mostrar que a política está apodrecida. "E aí quem tenta resolver possivelmente seja um programa de TV ou um apresentador", disse. Na pré-campanha em São Paulo nomes de jornalistas e apresentadores como Celso Russomanno (PRB), João Dória (PSDB) e José Luiz Datena (PP) aparecem na disputa.
Lula voltou a dizer que não se pode permitir "que ladrão fique chamando petista de ladrão" e fez uma defesa do ex-tesoureiro João Vaccari, preso por suspeita de corrupção no esquema de propina da Petrobras. "Eu quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia", disse.
Cobrança dos jovens
Lula minimizou as palavras de ordem que ouviu de jovens do PT e lembrou o episódio de criação do partido, em 1980, para dizer que na época "havia muito mais radicalismo". "As palavras de ordem que estou vendo aqui é como doce de cupuaçu em comparação ao que a gente ouvia no Colégio Sion", disse - o colégio Sion, em São Paulo, foi palco de uma reunião que culminou com a criação do PT.
Lula ouviu cobranças da juventude do PT assim que subiu no palco: "Lula, eu quero ver, você romper com o PMDB", gritavam. Os jovens também pediam a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Lula afirmou acreditar que o "ideal" seria que um único partido pudesse governar tudo. "O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a presidente, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém", disse. "Seria maravilhoso."
Mas o ex-presidente ponderou que isso é uma utopia e que é preciso aceitar o resultado das eleições e "construir a governabilidade". "Entre a política e o sonho, entre o meu desejo ideológico partidário e o mundo real da política, tem uma distancia enorme", disse. Lula afirmou que as alianças são fundamentais já que sempre "alguém vai ganhar e alguém vai perder".
Os jovens pediram, ainda, a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy e abriram uma faixa escrita "Nem Meirelles, Nem Levy", numa referência ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Lula nega, publicamente, que esteja atuando para convencer a presidente Dilma pela substituição de Levy por Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seus mandatos. No entanto, nos bastidores, Lula age para emplacar Meirelles como uma espécie de salvação para recuperar a credibilidade e retomar o crescimento da economia.
Lula cobrou respostas e propostas da juventude e disse que "apenas escrever num documento 'Fora Levy, ou fora PMDB', é muito pouco". Ao discursar, afirmou que em encontro recente com o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, os dois conversaram sobre a possibilidade de escrever um livro ou fazer um vídeo para "provocar a juventude a assumir um papel mais importante na política".
Antes das cobranças, o ex-presidente foi recebido aos gritos de "Lula guerreiro do povo brasileiro". A frase também estampa algumas faixas que ocupam o ginásio onde cartazes com fotos estilizadas de petistas que tiveram os nomes envolvidos nos escândalos do mensalão e da Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari - ambos presos
Também estavam presentes no evento presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, os deputados Zé Geraldo e Paulo Pimenta.