O não cumprimento das metas fiscais está resultando em efeitos mais negativos para a população do que a eventual volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A avaliação é do novo líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ). Para o novo líder, o atual cenário econômico do país tem provocado aumento dos juros reais pagos pelos cidadãos, diminuição de empregos, insegurança para investimentos e alta excessiva do dólar. E a única proposta em debate, neste momento, para resolver os problemas decorrentes do ajuste fiscal é a CPMF.
“Temos de fazer um debate neste momento em que temos um problema fiscal no país. A grande trava da nossa economia não é a falta de dinheiro e não é a falta de fundamentos, porque existem linhas de créditos e existem fontes de financiamentos e de investimentos. Temos mais de US$ 350 bilhões de reserva cambial. Temos os macro fundamentos basicamente controlados. A economia não avança por insegurança com relação ao cumprimento das metas fiscais. E o remédio que está apresentado para enfrentar isso é a CPMF. Não basta ao Congresso ser contra a CPMF. É preciso discutir ou apresentar uma outra solução ou uma proposta”, disse o líder pemedebista, durante o programa Espaço Público, que foi ao ar ontem (23) na TV Brasil.
O deputado considera um "discurso raso"o argumento de que o país já tem uma carga tributária alta e, por isso, a CPMF não deve ser recriada. Para Picciani, o país já vive hoje um cenário “muito pior” em comparação a um cenário com CPMF. Picciani disse não ter “nenhuma paixão” pelo tributo, que é apontado pelo governo federal como a forma de se resolver os problemas relativos ao ajuste fiscal. “Mas neste momento eu sou a favor da CPMF. Claro que não tenho nada contra se alguém tiver uma outra ideia que destrave a economia e que faça os juros voltarem a ter um centro mais razoável, dando confiança ao investidor. Mas, neste momento, a única proposta que tem à mesa é a CPMF. Até que se tenha outra proposta, a simples negação não me convence. Discursos como o da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], de que 'eu não vou pagar o pato', não me convencem. E não estou convencido de que o que é bom para a Fiesp seja bom para o país”.
O câmbio, na avaliação dele, também acaba se tornando mais um problema. “Além dos fatores externos, que são incontroláveis, tem o fato de todos [investidores] migrarem para os investimentos seguros lastreados em dólar, que é uma moeda forte”, disse o parlamentar. “Você tem, então, uma paralisia da economia. Portanto essa indecisão [sobre a questão da CPMF], essas ilações e esse falar contra têm custado muito caro ao país”, acrescentou.