Sob protestos, Lula toma posse como ministro-chefe da Casa Civil em cerimônia no Planalto

Lula assume a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner, novo ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República
Da ABr e Estadão Conteúdo e JC Online
Publicado em 17/03/2016 às 10:40
Lula assume a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner, novo ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República Foto: Foto: Roberto Stuckert/Divulgação


Sob protestos, a presidente Dilma Rousseff deu posse ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro-chefe da Casa Civil na manhã desta quinta-feira (17). Também assinaram os termos  Eugênio José Guilherme de Aragão, como ministro da Justiça e Mauro Ribeiro Lopes, ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC).

Durante o discurso de Dilma, o público presente grita e aplaude Lula. A presidente disse contar com a incomparável capacidade que Lula tem de olhar nos olhos  e entender o povo. "É um grande amigo, companheiro de luta e de conquistas. Seja bem-vindo, querido companheiro Luiz Inácio, ministro Lula", afirmou.

Em um discurso forte e combativo, a presidente Dilma Rousseff disse que é preciso "superar os ódios" no País e afirmou que a "gritaria dos golpistas" não vai tirá-la do rumo, não vai "colocar nosso povo de joelhos" nem causarão "caos e convulsão social". 

Dilma fez muitas críticas à divulgação da gravação de sua conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que o fato coloca em risco todos os cidadãos brasileiros. "Os golpes começam assim", disse.

Praticamente todos os ministros do governo estão presentes à cerimônia, à exceção de Jaques Wagner, novo ministro-chefe do gabinete pessoal da presidente, que teve problemas com voo que saia de Salvador e chegará mais tarde.

Lula substitui Wagner na Casa Civil. Aragão assume o cargo em substituição a Wellington César Lima e Silva, que pediu exoneração na última terça-feira (15). Aragão é subprocurador-geral da República desde 2004.

A presidente agradeceu a disposição de Wellington Silva e Lima de ter integrado o ministério, apesar de por apenas 11 dias.

"Compreendo sua decisão de preservar sua carreira de 25 anos no Ministério Público e desejo muito sucesso", afirmou. Dilma agradeceu também a Guilherme Ramalho, que ocupou de forma interina a Secretaria de Aviação Civil.

Dilma disse que o novo ministro da Justiça, José Guilherme de Aragão, engrandecerá a pasta e destacou a isenção de suas manifestações. Pediu atenção especial do ministro a assuntos que dizem respeito aos direitos individuais e à segurança na Olimpíada.

Mauro Ribeiro Lopes, novo ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, foi mencionado como "conterrâneo" da presidente. "Esse é um ministério estratégico em um país com a dimensão do Brasil, que depende da infraestrutura aeroportuária, área em que investimos muito", afirmou a presidente.

"Tenho certeza de que vamos fazer a concessão dos quatro aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza à iniciativa privada", adicionou Dilma.

Dilma disse, ainda, que o seu governo vai promover o equilíbrio fiscal e a redução da inflação com o mesmo empenho que garantirá o emprego e a renda dos trabalhadores. "Meu governo terá condições de fazer isso", disse a presidente ao falar sobre a economia.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que Wellington deveria deixar o posto em até 20 dias após a publicação da ata do julgamento. Os ministros da Corte decidiram que Wellington não pode chefiar a pasta já que tem cargo vitalício de procurador do Ministério Público da Bahia.

Manifestação

Quando Lula e Dilma chegaram ao Salão Nobre no Palácio do Planalto, foram ovacionados pelos convidados, em sua maioria composta por representantes de movimentos sociais e sindicalistas. Eles gritaram “Lula lá” e “Não vai ter golpe”.

Aos gritos de “Não vai ter golpe”, manifestantes a favor de Dilma e Lula estão concentrados em frente ao Palácio do Planalto, que está com a segurança reforçada por soldados da Polícia Militar e da Polícia do Exército.

Ontem à tarde e à noite, manifestações contra Dilma, Lula e o PT ocorreram em vários estados do país. Em Brasília, eles se concentraram na Praça dos Três Poderes em frente ao Palácio do Planalto e depois em frente ao Congresso.

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