A Polícia Federal (PF) quer saber por que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardava em sua casa, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP), um documento de serviço prestado em propriedade em Atibaia, no interior de São Paulo, que tem como cliente a Odebrecht.
A força-tarefa da Operação Lava Jato afirma acreditar que o Sítio Santa Bárbara tenha sido comprado por Lula e registrado em nome de dois sócios de um dos filhos dele, no fim de 2010. Trata-se de um "laudo analítico" da água da Chácara Otelo, também em Atibaia, feito por uma empresa especializada da capital paulista.
O nome do cliente que contratou os serviços é "Construtora Norberto Odebrecht". O endereço que consta no documento é Estrada dos Pires, sem número. De acordo com a operação, Odebrecht e a OAS - duas empresas acusadas de corrupção na Petrobras -, além do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente preso desde novembro, tenham bancado a reforma do sítio em 2011 como forma de compensação por contratos na estatal
A compra do sítio foi feita em 2010. O documento foi oficializado no escritório do compadre e advogado de Lula, Roberto Teixeira. No material apreendido com o ex-presidente, foi encontrado um contrato de gaveta em que Fernando Bittar - um dos donos no papel do Santa Bárbara - acertaria a venda do imóvel para a família do ex-presidente.
Lula nega que seja dono da propriedade. De acordo com o que ele afirmou à PF, o imóvel foi comprado pelo amigo Jacó Bittar - ex-prefeito de Campinas (SP) do PT - e registrado em nome do filho Fernando Bittar e do sócio dele Jonas Suassuna. Eles são sócios de um dos filhos do ex-presidente.
Em nota, a Odebrecht informou que "a Construtora Norberto Odebrecht e seus integrantes estão colaborando com as autoridades e todos os esclarecimentos serão prestados oportunamente no âmbito do inquérito em curso".