Com o objetivo de garantir educação em português para refugiados que vivem no Rio de Janeiro, foi iniciado nesta quarta-feira (23) o curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira Para Estrangeiros. Inicialmente, 70 migrantes e refugiados farão parte da primeira turma com certificação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério da Educação (MEC).
O curso é uma parceria entre o MEC, Ministério da Justiça, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e Secretaria de Estado Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro (SEASDH).
Superintendente de Direitos Humanos da secretaria, Miguel Mesquita esclareceu que o curso faz parte do Plano Estadual de Atenção aos Refugiados, implantado em 2014. “Uma das propostas do plano, que é o primeiro do Brasil, é conseguir para os refugiados educação em português, porque essa é a primeira barreira que eles encontram quando chegam ao país. Eles querem reconstruir a vida. Querem ter um emprego, mas sem falar português isso cai quase a zero”, afirmou Mesquita.
MISSÃO
De acordo com o superintendente, o Rio de Janeiro acolhe no momento 2,1 mil refugiados, o segundo destino mais procurado no país, depois de São Paulo. São pessoas que vieram principalmente do Senegal, Congo, da Nigéria, Colômbia, Venezuela e, mais recentemente, da Síria. “Temos também migrantes chineses, que vêm à procura de trabalho, e os haitianos, que têm visto humanitário, que é parecido com o refúgio”, informou Mesquita.
Diretor de Implantação do campus Belford Roxo do IFRJ - instituição que oferece as aulas -, Fábio Soares da Silva explicou que o curso é uma forma de se colaborar com a questão humanitária, que envolve a crise internacional de refugiados.
“Enquanto instituição pública de ensino, a gente acredita que isso faça parte de nossa missão. O curso vai auxiliar esses refugiados a se inserir melhor na sociedade brasileira e a conhecer melhor a cultura e a língua, o que possibilitará a inserção no mercado de trabalho, de modo a ajudá-los a sobreviver no país.”
PRONÚNCIA
Um dos alunos é o colombiano Hernan Gonsalez, de 64 anos, há dois anos no Brasil e há um ano no Rio de Janeiro. Gonsalez informou que era um sonho de criança conhecer o Brasil, mas que tem encontrado dificuldade por não falar português.
“Inicialmente pensei que o português era muito fácil, mas as pessoas não me entendiam porque a pronúncia é complicada. Não me entendem quanto tento falar português, mas quando falo espanhol me entendem mais fácil. Há pessoas que não gostam de ouvir em outro idioma. Então, tenho de aprender. São as mesmas palavras, mas a pronúncia é mais difícil para mim.”
O curso faz parte do catálogo nacional de cursos de formação inicial e tecnológica no âmbito do Pronatec e tem duração de 160 horas. Pela primeira vez as aulas foram direcionadas para os estrangeiros refugiados no país. Foram formadas três turmas com aulas às segundas, quartas e sextas-feiras, uma em cada turno. O curso será ministrado na Cruz Vermelha, no centro do Rio. A formação dura cerca de cinco meses.