O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha afirmou que o PMDB está "muito próximo" de conseguir a unanimidade em favor do rompimento com o governo federal. Depois que garantiram o apoio do PMDB do Rio de Janeiro e deram a vitória como certa, os aliados do vice-presidente Michel Temer passaram a mirar na unanimidade para selar o fim da aliança. A agenda das lideranças peemedebistas nesta segunda-feira (28) em Brasília gira em torno deste objetivo.
"Temos a certeza absoluta de que vamos desembarcar (do governo). Numa escala de zero a dez, a chance de sair é dez", afirmou Padilha ao Broadcast Político, por telefone. Ele é um dos aliados mais próximos de Temer e está ao lado do vice-presidente hoje, acompanhando as reuniões que pretendem combater os últimos focos de resistência governista dentro do PMDB.
Segundo Padilha, a prioridade, neste momento, é construir a unidade e, desta forma, evitar uma votação convencional no encontro do diretório nacional, marcado para amanhã. "Já ouvimos de vários setores (do PMDB) que não precisaria ter a votação nem a reunião. Mas, como programamos, vamos manter." A ideia, portanto, é aprovar o rompimento por aclamação.
O acordo com a ala governista deve passar pela definição da data limite para o desembarque oficial do PMDB. Padilha explicou que um grupo do partido defende que o rompimento seja totalmente efetivado amanhã, o que significaria, na prática, deixar de imediato os postos ocupados na administração da presidente Dilma Rousseff.
Essa hipótese não é bem aceita pelos governistas, principalmente pelos que têm cargos de primeiro escalão - o PMDB tem sete ministros no governo.
"Não pode se imaginar que amanhã de tarde alguém vai lá e deixa de ser ministro. Não é assim. Eu já fui ministro e sei como são as coisas. Acho que alguns dias, algum prazinho tem que ser dado", disse Padilha. Ele confirmou, como já haviam dito outros interlocutores de Temer, que o consenso caminha para a data limite de 12 de abril.
Esta data respeita o que foi definido na convenção do PMDB, que aconteceu em 12 de março e na qual ficou estabelecido o período de 30 dias para a definição sobre a aliança com o governo. Depois, no entanto, Temer decidiu encurtar o prazo, e antecipou a reunião do diretório nacional para 29 de março.
Estipular o dia 12 de abril como data limite para o abandono dos cargos seria uma maneira de contentar governistas e, ao mesmo tempo, seguir em parte o que foi determinado na convenção.
"Me parece que aí tem um ponto de encontro dos dois grupos. Mas este é o trabalho do dia (de hoje), é nisso que estamos trabalhando, visto que nós queremos ver se vai amanhã para aclamação, com uma unidade absoluta", resumiu.
Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha, também nesta segunda-feira, Padilha comentou que aqueles peemedebistas que desejarem permanecer no governo terão duas opções: partir para a desfiliação do PMDB ou sofrer um processo na comissão de ética da legenda.
No Rio Grande do Sul, Estado de Padilha, o PMDB não terá problemas. Os peemedebistas gaúchos sempre foram contra a aliança com o PT, que no passado era fortemente defendida justamente pelo ex-ministro. Nas eleições de 2014, algumas das principais lideranças do partido no RS chegaram a apoiar publicamente Marina Silva (que concorria pelo PSB) e, no segundo turno, Aécio Neves (PSDB).
Recentemente, o PMDB gaúcho oficializou sua posição favorável ao rompimento com o governo federal e a intenção de devolução de todos os cargos ocupados por filiados na base governista. "O PMDB não deve se furtar a debater e apoiar as medidas necessárias para retomar o desenvolvimento nacional mesmo sem qualquer atrelamento a um governo que nunca o considerou nas decisões tomadas até agora", diz o texto.