A eleição para a liderança do PMDB na Câmara pode gerar uma ruptura na legenda do presidente em exercício Michel Temer logo no início da sua gestão. Na disputa pelo cargo, antes ocupado por Leonardo Picciani (RJ), que assumiu o Ministério do Esporte, estão os deputados Leonardo Quintão (MG), vice-líder da sigla na Casa, e Baleia Rossi (SP), aliado de Eduardo Cunha (RJ). Enquanto Quintão defende a sua manutenção "natural" na liderança e insinua a "paralisação" da bancada caso haja nova eleição, Rossi surge com tom mais apaziguador propondo um acordo. Apesar de ser uma escolha importante para o governo, Temer sinalizou aos peemedebistas que não pretende interferir no processo.
Quintão, que possui o apoio do conterrâneo Newton Cardoso Júnior (MG), insinuou que uma eleição neste momento poderia dividir o partido. "Sem PMDB em sintonia não teremos condições de aprovar matérias na Casa", declarou. "Em vez de dialogar com ministros, Rossi levaria as questões direto para o gabinete da Presidência, coisa que eu acho errado, que eu não irei fazer, pois Temer tem de se concentrar no cenário macro e evitar problemas na Câmara", criticou. Ele disse que conversou com 56 dos 68 deputados da bancada e que "a grande maioria" é contra a realização de eleições. Apenas um grupo minoritário, de 15 parlamentares, segundo o peemedebista, defenderia novo embate.
Em tom mais ameno, Rossi disse que vai propor um encontro com Quintão nesta segunda-feira, 15, e trabalhará por um acordo. "O importante agora é a unidade da bancada, é buscarmos um entendimento para evitar uma disputa desnecessária", afirmou. Para ele, Quintão não pode continuar na liderança no lugar do Picciani porque ele não foi eleito pela bancada, e sim indicado pelo agora ministro. Rossi disse que não recebeu nenhuma sinalização de apoio de interlocutores do governo ou de Cunha. "Essa é uma questão fundamental para o governo, mas é um assunto da bancada e Temer não vai interferir. Temos que reunir os 68 deputados para ver o que a maioria prefere fazer."
Quintão afirmou que Cunha teria declarado para ele, na última quinta-feira, 12, que "o único candidato que apoiaria seria Hugo Motta (PB)". Quintão e Cunha tiveram um desentendimento há alguns meses, na disputa mais recente para a liderança do partido, quando o então presidente da Câmara escolheu Motta como candidato, preterindo Quintão, que desistiu da disputa para apoiar Picciani. A aliados, Cunha afirmou que não apoiaria Quintão em hipótese alguma. Apesar de Cunha ter consultado Motta sobre a possibilidade de ele disputar a vaga novamente, ele fez um acordo com Rossi para que o deputado seja o candidato do grupo. Procurado, Cunha disse que não iria comentar o assunto.