O presidente em exercício Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (1º), ao dar posse para presidentes de bancos públicos e estatais que a escolha dos executivos visa dar transparência e atender aos anseios da sociedade brasileira e fez questão de frisar que seu governo não tem a intenção de interferir na Operação Lava Jato.
"Eu quero revelar pela enésima vez que ninguém vai interferir na chamada Lava Jato", disse. "Eu tomo a liberdade, sem nenhum deboche, de dizer pela enésima vez, não haverá a menor possibilidade de interferir na Lava Jato", disse, em cerimônia de posse de presidentes de bancos públicos, da Petrobras e do IPEA, no Palácio do Planalto.
Temer afirmou que não queria falar "em herança de nenhuma espécie" e que apenas revela a verdade dos fatos para que "eventuais oportunistas" não venham atribuir ao seu governo erros do passado. "Precisamos modificar esses hábitos de que se instalaram como se o passado fosse responsável por tudo", ponderou.
Segundo ele, esses "eventuais oportunistas", já falam que em apenas 19 dias de governo ele é o responsável pelos 11 milhões de desempregados. "Percebem?", indagou a plateia, formada por executivos. Temer disse ainda no início de seu discurso que apesar do pouco tempo no cargo, "a impressão" que ele tem é que já se passaram 3 ou 4 anos.
Ao agradecer Pedro Parente por assumir o comando da Petrobras, Temer destacou que a estatal "é o melhor exemplo da situação difícil que enfrentamos". "A empresa que já foi motivo de orgulho foi vitimada por práticas que a desmerecem. E empresas dessa importância devem ser cuidadas e valorizadas", afirmou. "Parente, que você faça que voltemos a ter orgulho da Petrobras", pediu.
O presidente em exercício pediu aos executivos para trabalharem "duro e ter o interesse público no horizonte". "Preservar ética e transparência de decisões em todas as gestões, estar em sintonia com anseios da sociedade", pediu Temer. "E ser intransigente com tudo que se afasta de legalidade."
Temer destacou ainda que os escolhidos são pessoas capacitadas tecnicamente e que suas decisões visam construir um estado eficiente.
"Não existe no Brasil espaço para Estado inchado e ineficiente", afirmou. Citando o lema de seu governo "ordem e progresso", Temer disse que o estado precisa oferecer oportunidades para o progresso e empreendedorismo e ser pautado na ideia da ordem.
De acordo com o presidente em exercício, apenas com um estado eficiente é que as conquistas sociais podem realmente ser duradouras. "O Estado que queremos não é grande nem pequeno, não é máximo nem mínimo, é eficiente e suficiente" afirmou.
Além de Parente, tomaram posse na cerimônia de hoje o ex-ministro Gilberto Occhi na Caixa Econômica Federal; Maria Silva Bastos Marques, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Paulo Caffarelli, no Banco do Brasil; e Ernesto Lozardo, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Ao elogiar os executivos, Temer afirmou que Maria Silva à frente do BNDES lhe dá "enorme tranquilidade". O presidente em exercício também destacou a trajetória dos outros nomeados e disse que confia em cada um "para essa etapa decisiva da vida nacional".
Crise
Temer usou seu tempo para fazer balanço dos primeiros dias do seu governo interino e ressaltar o "cenário" em que encontrou o País, depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff. O País se encontra mergulhado em uma das grandes crises de sua história Problemas ocasionados por erros comprometeram a governabilidade e a qualidade de nossa gente", discursou Temer. Em seguida, citou que o desemprego já atinge mais de 11 milhões de pessoas, disse que a inflação ainda inspira vigilância e lembrou que o déficit estimado em R$ 96 bilhões pelo governo anterior na revisão da equipe do ministro Henrique Meirelles ultrapassou a marca de R$ 170 bilhões.
"Tenho a mais absoluta convicção de que é possível reverter esse quadro, retomar a confiança e o crescimento", afirmou. Temer disse que conta dia a dia do seu governo e que pode dizer que já apresentou ao País uma "agenda construtiva". O presidente em exercício listou como pontos dessa agenda redução no número de ministérios e a aprovação pelo Congresso da nova meta fiscal. Ele agradeceu aos parlamentares da base aliada pela primeira "vitória" do governo.