Desta segunda-feira (18) até o dia 31, a Câmara dos Deputados estará em “recesso branco”, isto é, não haverá sessões no plenário. Mas a calmaria vai além da ausência de debates na Casa nos próximos dias e deve se estender pelos meses seguintes graças à eleição do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) como sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência da Câmara. “A mudança favorece a relação entre os poderes Executivo e Legislativo, que estava muito ruim”, aponta Pedro Pereira Neiva, especialista em assuntos legislativos e professor da Universidade de Brasília (UnB).
Na opinião do cientista político Wagner de Melo Romão, da Universidade de Campinas (Unicamp), a saída de Cunha favorecerá a Câmara dos Deputados, que a partir de agora irá girar em outra sintonia. “O Cunha tinha muito a postura do enfrentamento, usava o regimento para fazer valer suas vontades, mas o Legislativo tem uma tradição de composições e o Rodrigo Maia foi o cara do acordo”, disse, ressaltando que o democrata se elegeu com votos de partidos ligados à esquerda como PT, PCdoB e PDT.
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Entre os parlamentares, também há a certeza de que uma melhor interlocução entre os poderes será um resultado direto da saída de Cunha da presidência da Casa. “A mudança devolve a estabilidade institucional à Câmara e ao Executivo. A primeira conversa que Maia e Temer tiveram foi algo simbólico porque até então a gente tinha dois poderes que não conversam”, avalia o deputado federal Danilo Cabral (PSB).
Para o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), o País estava sendo prejudicado com Eduardo Cunha na presidência da Casa. “O Executivo e o Legislativo não podem ter mais poder do que o outro e é preciso haver um equilíbrio. É preciso restaurar isso. Ele também terá mais diálogo com os partidos e vai respeitar a oposição”, afirma.
Aliado de Dilma Rousseff (PT), Silvio Costa (PTdoB) também vê benefícios com Rodrigo Maia. “Ele tem caráter e é bom na articulação política. Vai saber dialogo com a oposição e o governo. Não há duvida que a Câmara agora está mais distensionada. Maia prometeu que continuará imparcial quando Dilma voltar”, declara. Para Tadeu Alencar (PSB), a saída de Cunha garante novos ares no parlamento. “Vivemos com Cunha uma gestão autocrática, prepotente, que não prestigiava a iniciativa de parlamentares. Com Maia, teremos participação, tranquilidade e diálogo”, diz.
O professor de Ética e Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, discorda da tese de harmonia entre os poderes, mas enxerga um ambiente mais favorável com a saída de Cunha. “A harmonia entre os poderes não existe e nunca existiu porque temos no Brasil uma hegemonia imposta pela força pelo Executivo e o Legislativo fazendo emboscadas ao Executivo. Mas vai haver uma maior possibilidade de trato político”, analisa.
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