Em pronunciamento, Temer diz que 'é hora de unir o País'

Temer também defendeu reforma trabalhista e disse que a legislação precisa ser modernizada "para garantir os atuais e gerar novos empregos"
Estadão Conteúdo
Publicado em 31/08/2016 às 20:53
Temer também defendeu reforma trabalhista e disse que a legislação precisa ser modernizada "para garantir os atuais e gerar novos empregos" Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O presidente Michel Temer afirmou, em seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, que assumiu a Presidência nesta quarta-feira (31) após uma "decisão democrática e transparente do Congresso Nacional". Diferente do discurso que fez durante sua primeira reunião ministerial no fim da tarde desta quarta-feira - quando mostrou uma postura mais dura com relação a ataques que o chamaram de golpista e também a aliados que votaram contra os interesses do governo - na mensagem Temer disse que "é hora de unir o País e colocar os interesses nacionais acima dos interesses de grupos". "Esta é a nossa bandeira."

Temer afirmou ainda que o momento é de esperança e de retomada da confiança no Brasil. "A incerteza chegou ao fim", disse. A mensagem, que durou exatamente cinco minutos, foi bastante focada em tentar mostrar que o governo está disposto a ajudar na retomada do crescimento. "Tenho consciência do tamanho e do peso da responsabilidade que carrego nos ombros. E digo isso porque recebemos o País mergulhado em uma grave crise econômica: são quase 12 milhões de desempregados e mais de R$ 170 bilhões de déficit nas contas públicas."

De acordo com o presidente, o seu compromisso é resgatar a força da economia "e recolocar o Brasil nos trilhos". "Sob essa crença, destaco os alicerces de nosso governo: eficiência administrativa, retomada do crescimento econômico, geração de emprego, segurança jurídica, ampliação dos programas sociais e a pacificação do País", disse.

Para retratar a dificuldade das contas públicas, Temer comparou a situação fiscal do País a das famílias brasileiras. "Se estiver endividada, precisa diminuir despesas para pagar as dívidas", afirmou, lembrando o encaminhamento da PEC que limita o teto dos gastos do governo, como uma de suas primeiras providências. "Nosso lema é gastar apenas o dinheiro que se arrecada." Temer lembrou ainda que reduziu o número de ministérios para diminuir os gastos.

Como esperado, o presidente falou da necessidade de reformas. "Para garantir o pagamento das aposentadorias, teremos que reformar a Previdência Social. Sem reforma, em poucos anos, o governo não terá como pagar aos aposentados", disse. "Nosso objetivo é garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes e sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens."

Temer falou também da necessidade da reforma trabalhista e disse que a legislação precisa ser modernizada "para garantir os atuais e gerar novos empregos". "O Estado brasileiro precisa ser ágil. Precisa apoiar o trabalhador, o empreendedor e o produtor rural. Temos de adotar medidas que melhorem a qualidade dos serviços públicos e agilizem sua estrutura", disse.

Futuro 

O presidente, que gravou o pronunciamento apenas após o resultado do impeachment que confirmou o afastamento da petista Dilma Rousseff, disse que o caminho que tem é desafiador, mas que o conforta saber "que o pior já passou". "Indicadores da economia sinalizam o resgate da confiança no País. Nossa missão é mostrar a empresários e investidores de todo o mundo nossa disposição para proporcionar bons negócios que vão trazer empregos ao Brasil. Temos que garantir aos investidores estabilidade política e segurança jurídica", afirmou. "Presente e futuro nos desafiam. Não podemos olhar para frente com os olhos do passado", ressaltou.

Para rebater a tese de que seu governo acabará com programas sociais da era petista, Temer disse que durante sua interinidade eles já foram ampliados. "Aumentamos o valor do Bolsa Família. O Minha Casa Minha Vida foi revitalizado. Ainda na área de habitação, dobramos o valor do financiamento para a classe média", disse, ressaltando o objetivo do governo em concluir mais de mil e quinhentas obras federais que encontramos inacabadas.

Autoestima 

Na tentativa de encerrar com tom de otimismo, Temer disse que o Brasil é um país extraordinário, que os brasileiros são dispostos a acordar cedo e dormir tarde em busca do sonho e citou os Jogos Olímpicos como um exemplo de sucesso. "Agora mesmo, demos ao mundo uma demonstração de nossa capacidade de fazer bem feito. Os jogos olímpicos resgataram nossa autoestima diante do mundo", afirmou. "E teremos daqui a pouco as paralimpíadas que certamente terão o mesmo sucesso", completou.

Temer fez questão de estancar rumores de que pode tentar concorrer à reeleição em 2018 e disse que seu único interesse "que encaro como questão de honra, é entregar ao meu sucessor um País reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento. Um país que dá orgulho aos seus cidadãos". "Reitero meu compromisso de dialogar democraticamente com todos os setores da sociedade brasileira. Respeitarei também a independência entre os poderes executivo, legislativo e judiciário", afirmou.

Por fim, Temer lembrou o slogan de seu governo e disse que ordem e progresso sempre caminham juntos. "Com a certeza de que juntos, vamos fazer um Brasil muito melhor. Podem acreditar: quando o Brasil quer, o Brasil muda. Obrigado, boa noite a todos, e que Deus nos abençoe nessa nossa caminhada", finalizou a mensagem.

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