PT depende da força do ex-presidente Lula

Lula tentou formar novos quadros, mas a maioria se envolveu em escândalos de corrupção
Mariana Araújo
Publicado em 01/09/2016 às 6:05
Lula tentou formar novos quadros, mas a maioria se envolveu em escândalos de corrupção Foto: Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil


Lula sempre foi a maior liderança do PT desde que o partido surgiu no final da década de 70. Era ele quem liderada os piquetes nas portas das fábricas desde os tempos do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele sempre foi o candidato à Presidência em todas as eleições, desde a disputa em 1989, quando chegou ao segundo turno com Collor, passando pelas duas disputas derrotadas contra Fernando Henrique Cardoso, até a vitória em 2002 e, posteriormente, a indicação de Dilma para o cargo.

Os nomes que ele tentou preparar para assumir a frente da legenda foram mal sucedidos. O ex-presidente almejava ter como seu sucessor o ex-ministro José Dirceu. Mas o envolvimento no escândalo do mensalão, a prisão e, posteriormente, na Lava Jato frustraram os planos petistas. Outra alternativa na legenda seria José Genoino, que teve um destino semelhante a Dirceu.

Agora, o PT tem o desafio de encontrar uma nova liderança. “O nome de Lula ainda é o mais forte por ausência de outros quadros. Não necessariamente pela sua própria força”, analisa Nuno Mesquita, pesquisador do Núcleo de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP).

Para o pesquisador, dois fatores atrapalharam a formação de novas lideranças dentro do partido. “A primeira foi que quando o governo de Lula estava no auge, tinha muita popularidade de Lula, a figura dele ofuscou muito as outras lideranças. A outra é que outras lideranças do partido, que tinham alguma força, acabaram sendo abaladas a partir de 2005 com o escândalo do mensalão, que foi principalmente José Dirceu e Genoino. A partir desse momento, a figura de Lula cresceu muito mais do que o próprio partido”, explica.

ESCOLHIDOS

Os novos nomes escolhidos por Lula não conseguiram manter a liderança. “Houve a tentativa de produção de duas lideranças, mas que não deram certo, não foram orgânicas. Foram nomes produzidos por Lula, mas que não tinham uma história partidária junto aos demais. É o caso do prefeito (Fernando) Haddad (de São Paulo) e da presidente Dilma. São duas pessoas que não foram bem aceitas dentro do partido, que não se prestaram a fazer o jogo partidário. Portanto agora sofrem com isso”, avalia o professor da PUC-SP e da FESP-SP, Rafael Araújo. 

“O seu deslocamento para o centro do espectro político, quando assumiu o governo, fez com que ele se tornasse um lugar improvável para o surgimento de novos quadros conforme sua estratégia histórica de recrutamento, que é a partir das bases sindicais e dos movimentos sociais”, analisa o cientista político e consultor Arthur Leandro.

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