O Brasil virou a página após um período de turbulências políticas, afirmou nesta sexta-feira (2) Michel Temer na China, dois dias depois do controverso impeachment de Dilma Rousseff.
"Sofremos turbulências políticas e econômicas, recessão, mas esta página já foi virada", afirmou Temer à imprensa em uma rápida escala em Xangai, antes de uma cúpula do G20 em Hangzhiu (leste).
"O Brasil deixa resolutamente para trás toda a instabilidade econômica e política que sofreu nos últimos anos", insistiu após uma reunião com o prefeito de Xangai, Yang Xiong.
Temer, de 75 anos, chegou à China para o encontro do G20, que começa no domingo em Hangzhou, e busca consolidar sua posição depois que o Senado votou na quarta-feira pelo impeachment de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade.
Seu colega chinês, o presidente Xi Jinping, o chamou de "velho amigo" quando se encontraram, acrescentando: "China e Brasil formam juntos os dois maiores países em desenvolvimento do Oriente e Ocidente".
Temer disse que era uma honra o fato de sua primeira viagem como ''presidente'' ter como destino a China, acrescentando: "Fico ainda mais honrado ao ouvir você dizer que somos amigos".
Mais cedo, com o prefeito de Xangai, Temer testemunhou a assinatura de nove acordos sobre diversos temas, de projetos de infraestruturas à agricultura.
"China e Brasil devem valentemente se apoiar, sobretudo agora que a economia brasileira recupera a saúde e mostra perspectivas econômicas que são previsíveis", comentou Temer, segundo a tradução oficial em chinês de suas palavras.
"A China é o sócio cuja cooperação é a mais crucial para o Brasil neste momento. Para consolidar a confiança no Brasil, precisamos do apoio chinês", disse.
O novo presidente enfrenta muitas dificuldades em casa, depois que Dilma recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão de destitui-la de seu cargo.
A tentativa do novo presidente de reforçar sua autoridade enfrenta forte oposição do Partido dos Trabalhadores (PT) e de organizações de esquerda aliadas.
E suas promessas de criar postos de trabalho através de reformas pró-mercado, enquanto luta contra o déficit fiscal do país por meio de cortes de gastos e aposentadorias, devem provocar uma forte oposição tanto nas ruas quanto no Congresso.
Empossado para servir pelo resto do mandato de Dilma, até o fim de 2018, Temer garantiu aos empresários chineses que aqueles que assinaram acordos no Brasil estarão "bem protegidos" por suas leis.