SÃO PAULO - Ato convocado pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo reúne várias pessoas neste domingo (11) em frente ao vão do Masp, na Avenida Paulista. Manifestantes, partidos e organizações estudantis começaram a se concentrar durante a tarde, pedindo a saída de Michel Temer da Presidência e eleições diretas.
A manifestação foi pacífica e contou com um carro de som e batucadas. "Desde dia 29, não param os protestos. E agora, conseguimos uma coisa diferente: a presença tanto de movimentos sociais quanto da sociedade. Tem famílias, jovens, idosos, todos pedindo o 'Fora Temer'", afirma Raimundo Bomfim, coordenador da Central de Movimentos Populares - que integra a Frente Brasil Popular. Até as 16 horas, não havia uma contagem do número de manifestantes, mas a expectativa é de 15 mil pessoas.
O protesto começou às 14h, com a presença de bandeiras de movimentos sociais e organizações, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Quando gritavam, alguns transeuntes e ciclistas acompanhavam, espontaneamente, o coro do "Fora Temer".
Figuras políticas como a candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, a deputada Luíza Erundina, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e o prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) também passaram pela concentração. Segundo Erundina, é impossível desassociar a eleição municipal da pauta nacional. "(O impeachment) é a coisa principal da nossa luta. Nesta campanha não dá para separar as duas coisas, não dá para sair da rua enquanto não derrubado o último golpista. É em São Paulo que a gente vai fortalecer esta resistência", disse.
Durante a tarde, um carro da Polícia Militar tentou passar entre manifestantes e foi cercado por pessoas que pediam o fim da Polícia Militar. A organização do evento fez um cordão de isolamento para que o veículo conseguisse passar.
Tarso Loreiro foi em todas as últimas manifestações e trouxe a família para o protesto deste domingo. Para "distrair" os quatro filhos, fez um boliche improvisado, em que os pinos levavam nomes do senador Aécio Neves (PSDB), do ministro de Relações Exteriores, José Serra, de Temer, da TV Globo e da revista Veja.
Professor de geografia no ensino médio em uma escola privada, ele disse que, cada vez mais, tem visto alunos seus nos protestos. "Tento nem falar em sala de aula sobre essas coisas para não ficar muito panfletário. Mas percebi que alunos que não vieram para defender Dilma do impeachment estão vindo no 'Fora Temer' lutar contra os retrocessos deste governo", observou.
Figura conhecida pelos partidários do 'Fora Temer', o rapper Jonatha, que trabalha aos domingos na Avenida Paulista, faz rimas de conscientização política e recebe o apoio de quem passa em frente à sua caixa de som. "O presidente é só um bode expiatório. Safado mesmo é o Congresso, são os deputados", reflete o músico. Vindo do bairro do Imirim, na zona norte de São Paulo, Jonatha trabalha na rua há dois anos, desde que perdeu o emprego, e faz questão de manter o teor político da sua música. "O rap é conscientização, não é apologia", analisa.