Paulinho da Força negociou fim de greve por propina, segundo delatores

Executivos da Odebrecht apontam em depoimento o repasse de R$ 200 mil para o deputado, por apoio contra greves nas Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira em 2012
Estadão Conteúdo
Publicado em 14/04/2017 às 8:48
Executivos da Odebrecht apontam em depoimento o repasse de R$ 200 mil para o deputado, por apoio contra greves nas Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira em 2012 Foto: Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados


Os executivos da Odebrecht Carlos Armando Guedes de Paschoal e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar apontam em depoimento à Lava Jato o repasse não contabilizado de R$ 200 mil para o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, por apoio contra greves nas Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira em 2012.

Com o pretexto de contribuição para campanha, Paulinho da Força, então deputado pelo PDT, teria recebido propina em espécie através do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, chefiado por Hilberto Mascarenhas. À época, o deputado era conhecido pelo codinome de "Boa Vista", alcunha que seria substituída mais tarde por "Forte".

Outro inquérito aberto a pedido do ministro do STF Edson Fachin aponta doações anuais de R$ 100 mil da Odebrecht para a realização de eventos da Força Sindical em comemoração ao Dia do Trabalho.

Paulinho da Força aparece também como alvo de investigação no recebimento de R$ 1 milhão em propina feito em duas parcelas, pelo setor de Operações Estruturadas do Grupo, em 2014, quando já era deputado federal pelo Solidariedade. A menção ao parlamentar aparece nas delações de Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, e Hilberto Mascarenhas.

O líder da Força Sindical teria recebido o pagamento por apoio à Odebrecht em função da greve ocorrida na Embraport, em Santos, e da invasão à sede do grupo empresarial em 2013.

Defesa de Paulinho da Força

Por meio do nota, Paulinho da Força admite ter recebido R$ 1 milhão para a campanha mas não fala especificamente a respeito da origem dos recursos. "A Odebrecht doou R$ 1 milhão para o partido Solidariedade, que foi distribuído para pagamentos de campanhas entre diversos candidatos aos cargos de deputados federal e estadual. Deste montante, minha campanha ficou com exatos R$ 158.563,00, conforme registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). É importante ressaltar que minhas contas foram aprovadas pelos órgãos eleitorais responsáveis. Como presidente da Força Sindical, que representa duas mil entidades em todo o Brasil, sempre sou solicitado, por minha liderança e experiência, a ajudar a solucionar conflitos em grandes demandas trabalhistas, como no caso da greve dos portuários ou conflitos na Usina do Rio Madeira", diz o deputado no documento.

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