A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta quarta-feira (10) que o juiz Sérgio Moro fez perguntas alheias ao escopo do processo no interrogatório que durou toda a tarde. Segundo os advogados, isso só reforçou o argumento da defesa de que se trata de "um processo jurídico para fins políticos".
"O juiz Sérgio Moro buscou saber até mesmo a opinião a respeito do julgamento no STF e políticas públicas em seu governo", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, em entrevista coletiva concedida logo após o depoimento. Segundo ele, Moro quis saber a opinião de Lula sobre o julgamento do mensalão.
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"A pergunta que ele fez, textualmente, foi: 'Qual é a opinião do senhor sobre o julgamento do STF no caso do mensalão? Quando é que uma pessoa naquela condição tem que dar opinião sobre um caso que não tem nada a ver?", afirmou.
O advogado disse que Lula também foi questionado sobre o sítio de Atibaia, o que também não está no escopo da ação penal para a qual o ex-presidente prestou depoimento nesta quarta-feira.
"É evidente que ele jamais poderia ter sido perguntado nessa linha de dar opinião sobre julgamento no Supremo ou atos de seu governo, o que mostra na verdade é o que está em discussão não é o triplex, mas o governo do ex-presidente Lula, eleito democraticamente", disse.
Segundo Martins, isso comprova que essa ação penal é um "procedimento jurídico para fins políticos". Ele afirmou que a assessoria jurídica orientou o ex-presidente a responder apenas ao que está na denúncia.
O advogado José Roberto Batochio afirmou que os procuradores se interessaram em perguntar sobre os custos do armazenamento dos presentes recebidos por Lula durante seu mandato como presidente "O depoimento mostrou duas coisas: sua inocência, que não é proprietário do triplex e não participou de qualquer ato ilícito na Petrobras", disse.
Lula prestou depoimento por mais de cinco horas na sede da 13.ª Vara da Justiça Federal. Foi a primeira vez que ele esteve frente a frente com o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância.
O ex-presidente depôs na condição de réu na ação penal que investiga se ele recebeu vantagens indevidas da construtora OAS.
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), Lula teria recebido um total de R$ 3,7 milhões em propinas na aquisição e reforma de um apartamento triplex na praia do Guarujá e no armazenamento de presentes recebidos por ele enquanto presidente da República.