Durante o depoimento dado nesta quarta-feira (10) ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou o Ministério Público a apresentar documento que prove que o tríplex no Guarujá, foco da ação penal na qual é réu, estava em seu nome.
"Essa é a prova, o resto é conversa fiada", disse Lula. "Espero que o doutor Moro tenha recebido do Ministério Público a prova concreta, cabal, de que o apartamento é meu."
Lula disse que fez uma única visita ao tríplex. Também respondeu a um dos procuradores que o interrogaram que não sabia por quanto tempo se estenderam os pagamentos da cota do apartamento porque quem cuidava do assunto era a ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em fevereiro.
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Lula também declarou ao juiz federal Sérgio Moro que a ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em fevereiro deste ano) "sabia" que ele não queria o triplex 164-A no Guarujá (SP).
Moro questionou Lula sobre uma visita ao imóvel. "Então aquela visita, em agosto de 2014, só para eu entender, já não lhe dizia respeito? A visita que a senhora sua esposa teria feito."
"Eu nem sabia que tinha tido a visita, doutor. Nem sempre elas perguntam para a gente o que vão fazer."
O juiz insistiu: "Mas ela também não te relatou em seguida?".
"Dez dias depois, ou 15 dias, ela me relatou", respondeu Lula. "Ela disse que não teria gostado. Ela já sabia que eu não queria o apartamento. Não sei se o senhor percebeu que o apartamento foi comprado no nome da Dona Marisa."
A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.
As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
Moro aceitou a denúncia em 20 de setembro de 2016.