O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em depoimento ao juiz Sergio Moro que em 2014 se encontrou mais de uma vez com o empresário Léo Pinheiro, da OAS, mas que jamais disse para o Léo o que ele falou. Nesse momento Lula observou que seria importante que Moro entendesse o que ele pensa a respeito desse assunto.
Ele disse que viu alguns depoimentos, a busca e apreensão na casa do jornalista Eduardo Guimarães e que ouviu Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, falar. "Entrou numa introdução de que eu ficava pedindo para as pessoas esconderem documentos. Isso nunca aconteceu e nem nunca vai acontecer", disse.
>> Veja os vídeos do interrogatório de Lula ao juiz Sérgio Moro
>> Saiba o que pode acontecer com Lula após o depoimento desta quarta
Moro insistiu sobre encontros com Léo Pinheiro, ao que Lula respondeu que encontrou várias vezes com o empresário e que esses encontros se davam no Instituto Lula. Em um desses encontros, segundo Lula, o assunto foi viagem, em outro para discutir a questão do tríplex e em outros sobre o futuro da economia.
Sem citar nomes, Lula disse ainda que após as passeatas de junho de 2013 muita gente o procurou para discutir sobre os rumos da economia, muitos empresários, inclusive o Léo Pinheiro.
Lula disse ainda que não teve conversas com diretores da Petrobras, exceto por uma única vez, em que falou com Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.
A conversa com Duque, disse Lula, se deu por "boatos" de que o ex-diretor teria contas no exterior.
"Fiquei puto e pedi ao Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT) que chamasse o Duque para uma conversa", explicou. "Perguntei ao Duque se ele tinha conta no exterior e ele disse que não. Para mim, o assunto acabou aí."
Neste momento, Sergio Moro indagou Lula sobre sua participação em negociações sobre a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. O ex-presidente reduziu sua atuação às conversas iniciais e a uma inauguração de terraplanagem.
O ex-presidente lamentou não ter sido convidado para inaugurações na refinaria em 2014. "Adoraria ter ido a Pernambuco para a inauguração de Abreu e Lima."
Orientado por seus advogados, Lula não respondeu perguntas que envolvia acusados ou julgados no mensalão. Moro, por sua vez, esclareceu algumas vezes que tais indagações eram necessária para entender a relação entre o presidente e pessoas que trabalharam com ele e foram condenadas em esquema criminoso.