O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse nesta quinta-feira (18) que “o Brasil inteiro ficou surpreso” com a divulgação da delação do empresário Joesley Batista que cita o presidente Michel Temer.
Segundo informações da delação divulgadas pelo jornal O Globo, Temer teria dado aval a Joesley Batista para manter pagamento de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba, para que este se mantivesse em silêncio. Em pronunciamento, Temer negou a acusação, pediu investigação rápida e disse que não renunciará.
Segundo Pezão, a saída do presidente neste momento seria ruim para o país.
“Já foi traumático o impeachment da presidenta Dilma [Rousseff] e se houver mais um problema desse é muito difícil para a economia, precisamos de estabilidade. O Brasil precisa fazer um grande encontro de todas as lideranças políticas e arranjar uma solução para o término desse mandato e termos eleições diretas”, disse o governador após participar de evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro da capital fluminense.
Para Pezão, a prioridade agora, independente da crise política, é a sanção do projeto de lei que trata do ajuste fiscal dos estados superendividados, aprovado nessa quarta-feira (17) no Congresso Nacional.
“A assinatura é fundamental. Não é uma lei para o estado do Rio, é para o Brasil, muitos estados também precisam dessa lei”, afirmou.
Pezão disse que enviará até esta sexta-feira (19) à Assembleia legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) três projetos de lei que fazem parte das contrapartidas exigidas pelo governo federal para renegociar as dívidas do estado. Entre os projetos está o que aumenta a contribuição previdenciária de 11% para 14%. “Preciso da assinatura e da aprovação da assembleia para ter esses recursos. Assim que passar, acredito quem em 45 dias, 60 dias, teremos esses recursos.” As contrapartidas também incluem o congelamento de reajuste dos servidores públicos e a restrição à realização de concursos públicos.
Pezão disse não ter preocupação com o fato de o grupo JBS, que pertence ao empresário Joesley Batista, ter sido o maior doador de sua campanha para governador em 2014.
“Foi meu maior doador oficialmente, eles confiaram no estado, na nossa administração. Eles investiram em quase todas as campanhas nacionais. Foi tudo declarado na minha contabilidade. Tanto que vocês sabem, porque está disponibilizado da minha campanha.”
Pezão discursou no 29º Fórum Nacional, que tratou de recessão, crise estadual e infraestrutura. O evento também teve a participação dos governadores de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e de Goiás, Marconi Perillo.
Colombo disse que a instabilidade política dificulta planejamentos de médio prazo. “Todo o dia é uma bomba, uma notícia que desarruma tudo. Vivemos no sobressalto. É muito difícil para as lideranças levarmos motivação para a população”, afirmou o governador catarinense no evento. “A chapa está quente e a corda está esticada”, disse, ao defender uma reforma política urgente.