Partidos e grupos de esquerda articulam três táticas por voto popular

Realização de eleições diretas para a sucessão de Temer é a prioridade da esquerda diante da crise criada após a delação dos diretores da JBS
Estadão Conteúdo
Publicado em 19/05/2017 às 8:42
Realização de eleições diretas para a sucessão de Temer é a prioridade da esquerda diante da crise criada após a delação dos diretores da JBS Foto: Foto: Roberto Parizotti/ CUT


A realização de eleições diretas para a sucessão do presidente Michel Temer é a prioridade de partidos e movimentos de esquerda diante da crise criada após a delação dos diretores da JBS. A ideia é criar uma ampla aliança que inclua PT, PCdoB, PSOL, Rede, movimentos sociais abrigados nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e também os da chamada "nova esquerda" para uma série de manifestações em todo o País pelas Diretas Já.

"O governo Temer acabou. A solução para a crise política, econômica, social, cultural e moral é uma só, diretas já", disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão, depois de reuniões da Executiva Nacional do partido e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, 18.

A oposição enxerga três caminhos. O mais rápido seria a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O julgamento está marcado para o dia 6 de junho A minirreforma eleitoral de 2015 diz que, em caso de cassação até seis meses antes do término do mandato, seriam convocadas novas eleições diretas. "Mas chegamos a cogitar o cenário de adiamento do julgamento", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deve assumir a presidência do partido em junho.

O segundo caminho seria a aprovação do proposta de emenda à Constituição (PEC) 227/2017, de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que determina eleições diretas em caso de vacância da Presidência. "Hoje não temos votos, mas com a pressão das ruas podemos conseguir. É preciso atrair o centro", defendeu o líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Segundo ele, caso seja obtida a maioria no Congresso, a PEC pode ser aprovada até o fim de junho. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), pautou a análise da PEC para a sessão de terça-feira. Um mandato excepcional de cinco anos também poderia ser proposto

O terceiro caminho seria uma outra PEC protocolada pela bancada de oposição no Senado no ano passado que prevê eleições gerais, mas é considerado o mais difícil. Um quarto caminho, visto como o pior pela oposição, seria um processo de impeachment que pode se arrastar por vários meses.

Reformas

Na reunião desta quinta com petistas, Lula alertou para a necessidade de explicar à população "por que estamos propondo isso". Por isso, o PT defende acrescentar a retirada das reformas trabalhista e da Previdência à pauta das manifestações. Petistas evitaram falar em nomes, mas consideram, em conversas privadas, "óbvia" a candidatura de Lula. Essa seria a oportunidade de se afastar a hipótese de ele ser impedido de disputar o pleito de 2018 caso seja condenado em primeira e segunda instâncias. Lula é réu em cinco processos por corrupção.

Lideranças da Rede defendem a antecipação do lançamento da candidatura da ex-senadora Marina Silva e o PSOL dá como certo que o partido terá um nome próprio.

Ao defender as diretas já, a oposição espera neutralizar a possibilidade de uma "solução rápida" por meio de eleição indireta ou da nomeação da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.

Petistas defendem também cautela. "O importante agora é conter a ansiedade", disse o ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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