Lideranças do PSDB e do DEM, principais aliados do governo, avaliaram neste sábado, 20, que o novo pronunciamento do presidente Michel Temer foi uma tentativa de diminuir a pressão pública contra ele. "Foi uma tentativa de resistir aos fatos e à pressão popular. Pode ter algum efeito na opinião pública, que está revoltada também com a JBS", afirmou o secretário-geral do PSDB, deputado Sílvio Torres (SP).
Vice-líder do DEM na Câmara, o deputado Pauderney Avelino (AM) avaliou que Temer foi "muito bem" no discurso, ao falar sobre o que muito o questionavam". "Mas o momento não é de tranquilidade", afirmou. Pauderney Avelino disse que o partido continuará "avaliando os fatos".
Na linha do discurso do presidente, ele considerou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tem cometido "alguns equívocos, em razão da pressa". Pauderney Avelino criticou o empresário Joesley Batista, dono da JBS, que fechou acordo de delação premiada no qual apresenta gravação em que, de acordo com a PGR, Temer dá aval para compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Estamos diante de uma situação absolutamente inusitada. Enquanto o País amarga a pior crise das últimas décadas, delatores bilionários estão livres no exterior para usufruir o dinheiro amealhado de forma espúria dos brasileiros".
Já a oposição criticou o presidente. Segundo o líder do PT na Casa, Carlos Zarattini (SP), o pronunciamento de Temer foi de uma "desfaçatez total". "Ele tenta mudar os fatos, criar uma interpretação própria." "Ele faz uma mágica de tentar sair deste buraco que se meteu, jogando a culpa no Joesley e no PT. Ele não tem condição alguma de se livrar disso. O governo Temer não tem condições de se manter", disse.
Em fala neste sábado, o presidente criticou duramente o empresário. Conforme Temer, o delator está "livre e solto", passeando pelas ruas de Nova York. "Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, julgado nem punido, nem será. Cometeu, digamos assim, o crime perfeito graças a essa gravação fraudulenta e manipulada", declarou.