Michel Temer (PMDB) segue como presidente da República após a chapa que o elegeu junto com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ser absolvida no julgamento realizado no Tribunal Superior Eleitoral (STF) ao longo desta semana e finalizado na última sexta-feira, mas para políticos pernambucanos de partidos diversos o peemedebista terá suas condições de governabilidade reduzidas.
Contribuem para isso a possibilidade do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolar uma denúncia criminal contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), uma possível debandada do PSDB da base de apoio da gestão peemedebista e as chances de que surjam novas delações no decorrer dos próximos dias.
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“O governo é de uma fragilidade indiscutível. Há expectativa de oferecimento da denúncia contra o presidente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e também especula-se sobre novas delações que venham trazer elementos que agravem mais o quadro”, avalia o senador Armando Monteiro (PTB).
Para o deputado federal André de Paula (PSD), que integra a base de apoio do governo, os dias de Temer à frente da presidência não devem ser longos.
“O presidente afasta uma pedra, mas tem uma pedreira pela frente e tem, a meu ver, vida curta. Ele perde a cada dia o maior ativo que um governo tem, que é a energia, a capacidade de governar, a liderança. Ele se livra do TSE hoje (ontem) e na segunda tem a saída ou não do PSDB da base de apoio”, aponta.
Na avaliação de André de Paula, apesar de Temer ter uma boa relação com deputados e senadores, o Congresso pode acatar um possível pedido do STF para afastar o presidente por 180 dias.
“A preço de hoje, ele tem apoio, mas em política não há verdade absuluta. A frustração da sociedade se acentua e no ano que vem tem eleição e o político é temente do voto. O fato de um deputado ser de um partido da base não significa que ele vai agredir a opinião pública ou votar contra a consciência”, diz, sinalizando os problemas que o peemedebista poderá ter em um futuro próximo.
Embora seja do PSDB, o deputado federal Betinho Gomes diz que não é possível cravar se o partido desembarcará do governo nesta semana.
“Não tenho como fazer alguma aposta porque não há uma tendência muito clara”, destaca.
Para ele, hoje o peemedebista teria como evitar que o Congresso dê carta branca para que seja afastado da presidência. “Em tese, ele tem apoio, mas se terá daqui a uma semana ou um mês vai depender dos acontecimentos”, ressalta.
O senador Humberto Costa (PT) é mais ácido na avaliação e enfatiza que o governo Michel Temer por um fio. “A situação é insustentável. É um presidente natimorto que sobrevive às custas de uma base política fisiológica, que o mantém única e exclusivamente por conta de interesses nada republicanos”, critica.
Defensor das reformas Trabalhista e Previdenciária, o senador Armando Monteiro (PTB) diz que a discussão desses temas no Congresso ficará prejudicada apesar da vitória obtida pelo presidente Michel Temer no julgamento promovido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos últimos dias.
“Tudo isso compromete, de alguma maneira, a agenda de reformas. A da Previdência não tem data para ser retomada e agora já se fala que ocorrerá no segundo semestre. A reforma Trabalhista está no Senado, mas com problemas porque a tramitação nas comissões indica que as condições ficaram mais difíceis para garantir os resultados esperados”, afirma o petebista.
Na análise do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) cabe ao próprio Temer não deixar que as atividades sejam paralisadas.
“O presidente conhece o Congresso, sabe como funcionam as coisas por lá, então o importante é que dê sinalizações claras e objetivas de que está comprometido com as reformas, os projetos e as iniciativas que o País precisa. Se o Congresso vai dar prosseguimento a isso, se ele vai ter maioria pra aprovar as matérias, é outra coisa. Da parte dele é preciso clareza e objetividade”, afirma.
Também favorável às reformas Trabalhista e da Previdência como Armando e Jarbas, André de Paula (PSD) não é otimista quanto à discussão desses temas.
“A agenda de reformas está comprometida. A Trabalhista, que seria mais célere no Senado do que na Câmara, veja o prazo que está levando. Este governo não tem a menor condição de tocar uma agenda de reformas. Isso foi algo que se encerrou quando surgiram as primeiras denúncias contra o presidente”, declara.