Após deixar a Rússia e continuar a cumprir agenda oficial em Oslo, na Noruega, o presidente Michel Temer se reuniu com investidores daquele país nesta quinta-feira (22) em busca de recursos e parcerias para nutrir a prometida retomada do crescimento no Brasil. No discurso, o presidente ressaltou que "é preciso ter rumo e ele foi traçado há um ano". O momento, que segundo Temer, é de recomeço, precisa que os "investidores façam parte".
É preciso ter rumo e ele foi traçado há um ano. Para o Brasil, este é um recomeço. Queremos que os investidores façam parte deste momento. pic.twitter.com/5DpzfnduHe— Michel Temer (@MichelTemer) 22 de junho de 2017
Conforme o Governo Federal, A Noruega passou a ser o 8º país com o maior montante de recursos investidos no Brasil. Apenas no ano passado, US$ 2 bilhões foram injetados no setor produtivo brasileiro.
Apesar do otimismo, no país escandinavo Temer também enfrenta rejeições à sua política. A Noruega é o maior doador do Fundo Amazônia, para o qual já destinou cerca de R$ 2,8 bilhões, entre 2009 e 2016, com objetivo de financiar a preservação da floresta.
Nos últimos dias, porém, autoridades norueguesas teceram críticas ao governo brasileiro, ameaçando suspender o financiamento para proteção ambiental.
Segundo estudo da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento, que vinha em uma tendência de queda, teve um aumento de 58% em 2016.
A confiança de Temer em relação ao "rumo traçado" também não é vista com tanta certeza. A viagem, que tenta dar um ar de normalidade as atividades do presidente, acontece em meio ao andamento das denúncias frutos das delações de executivos da JBS, que colocaram Temer no alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) e desgastaram o governo a ponto de desestruturar a base no Congresso.
Só nesta semana, em Brasília, avançaram propostas que não são do crivo do presidente. Entre elas, a convocação do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para prestar esclarecimentos no Senado sobre suposto monitoramento ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, a pedido de Temer. No Congresso, também avançou proposta para eleitores decidirem pela saída do Presidente da República por meio de referendo.
A maior derrota do governo, no entanto, veio por meio de um revés da própria base aliada. Dessa, três parlamentares, dois do próprio partido de Temer, votaram contra o relatório da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), reprovando a proposta. Essa subtração, que não estava nas contas do presidente, diminui as certezas em relação ao destino do rumo traçado por Temer há uma ano atrás.