Projetos majoritários em três Estados são o principal propulsor das costuras políticas encabeçadas por lideranças do DEM no País. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), deu recado claro, no Recife, na última sexta, sobre o “novo projeto para o Brasil”, que pode passar pela criação de nova legenda com inclusão de nomes dissidentes de outra siglas, como a ala do PSB ligada ao senador Fernando Bezerra Coelho. Nos bastidores, a leitura é que objetivo do bloco político passa, entre outros pontos, pelo fortalecimento da candidatura de Maia para governo do Rio e ACM Neto, prefeito de Salvador, para o governo da Bahia. O novo partido pode trazer ainda eventual candidatura do ministro da Educação, Mendonça Filho, para o governo de Pernambuco. Uma das características é que o “novo projeto” deve ter perfil centrista.
Maia passou o fim de semana em Pernambuco e participou no sábado de almoço em Gravatá com deputados do Estado. Oficialmente, a visita foi um encontro de amigos, mas, entre um prato e outro, as costuras foram intensificadas.
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Após a declaração do deputado expondo publicamente o “novo projeto”, nomes foram especulados para eventual chapa no Estado. No entanto, fontes ouvidas avaliam que tema é prematuro. A leitura é que Temer está implicado em denúncias e que Maia é o sucessor direto e tem trabalhado para preparar o terreno caso tenha que assumir. Quanto à nova sigla, ele pode ter a terceira ou quarta maior bancada da Câmara.
Enquanto isso, com 2018 batendo à porta, a proposta das lideranças do DEM passa por chegar com uma frente forte e tirar o peso ideológico que o democratas carrega desde que migrou do PFL. Os convites para ingressar na nova sigla tem partido do próprio Maia, que tem sondado deputados em Brasília, muitos deles insatisfeitos com os rumos tomados pelo PSB no Estado. A legenda abriu processo de expulsão de 14 parlamentares por terem votado a favor da reforma trabalhista.
No dia 19 de junho, ACM Neto e Maia estiveram juntos em Petrolina para visita à prefeitura, comandada por Miguel Coelho, filho do senador Fernando Bezerra Coelho, ambos do PSB.
A nova legenda viria para preencher o vácuo deixado pelas lideranças do centrão, diretamente atingidas pelas denúncias da Lava Jato. O PMDB que, historicamente, desempenha esse papel está com as principais figuras enroladas com a Justiça.
Em entrevista à Rádio Jornal, nesta segunda-feira (3), o senador Armando Monteiro Neto (PTB) avaliou que Maia está na antessala de Temer e, pela Constituição, se o peemedebista for afastado é ele quem assume. “Há quem diga, e não sou eu quem digo isso, que ele tem feito negociações, nem tão discretas assim, com vistas à possibilidade de assumir o cargo”, afirmou.
Quanto à criação do novo polo político, o senador avalia que a articulação vem sendo feita e que a ideia é criar nova estrutura partidária para abrigar forças de centro que estão desconfortáveis dentro das legendas, inclusive nomes do PMDB.