Atualizada às 17h46
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) discursou pela primeira vez no plenário do Senado após a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de restabelecer seu mandato na casa. O tucano discursou por um pouco mais de 20 minutos, e voltou a afirmar que foi vítima de uma "injustiça" e que não cometeu nenhum tipo de crime que justificasse o seu afastamento.
"Dentre todos os sentimentos, sem dúvida, o da indignação com a injustiça e o da tristeza que acaba por atingir de forma mais profunda todos aqueles que mais amamos foram os que mais de perto me acompanharam nesses dias tormentosos", declarou o senador no início de seu discurso.
Em seu discurso, Aécio também falou sobre as ações que realizou durante sua trajetória política, tanto nos poderes legislativos quanto no executivo. "No executivo ou no legislativo, sempre busquei legislar pelas boas causas e dos interesses dos que mais precisam e dos avanços que nos permitam alcançar um novo patamar de desenvolvimento, seja ele econômico ou social".
Sobre a denúncia do Ministério Público, Aécio voltou a afirmar que não cometeu nenhum tipo de crime. "Não me furtarei de reiterar aqui, aquilo que venho afirmando ao longo das últimas semanas. Não cometi crime algum. Não aceitei recursos de origem ilícita. Não ofereci ou prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse, e tão pouco atuei para obstruir a atuação da Justiça como me acusaram". Fui vítima de uma armadilha, executada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes, cujas penas somadas dão mais de 2 mil anos de cadeia", declarou.
O senador também voltou a alegar que pediu dinheiro emprestado a Joesley Batista, dizendo que não enriqueceu com a política e que não tinha recursos para arcar com os gastos de sua defesa em inquéritos da Operação Lava Jato. Aécio também afirmou o empréstimo de R$ 2 milhões seria posteriormente registrado em contrato.
Sobre o diálogo que travou com Batista, se manifestando a favor da aprovação do projeto que trata do abuso de autoridade, e de outro que trata da criminalização da prática de Caixa 2 em campanha eleitoral – isentando de culpa os atos que já foram praticados –, Neves disse que apenas expressou sua opinião.
Aécio esteve afastado de seu mandato por 46 dias por determinação do ministro Edson Fachin, após ser acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça. Ministério Público Federal acusa o senador de receber R$ 2 milhões de reais do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, que seriam utilizados para pagar seus advogados nos inquéritos da Lava Jato. Em retorno desse dinheiro, Aécio iria articular projetos que pudessem, de alguma maneira, favorecer a JBS no Congresso.
Mais cedo, ele participou de uma reunião com o presidente interno do PSDB, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Entre os assuntos tratados na reunião de bancada, esteve a definição sobre a situação de Aécio no comando do PSDB. Correntes do partido, ligadas aos tucanos de São Paulo, defendem seu afastamento definitivo da presidência. Aécio, no entanto, quer ganhar tempo até passar a votação do recurso pedindo a cassação de seu mandato no Conselho de Ética do Senado e a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, na Câmara, para que a decisão seja tomada.