O Ministério Público de Goiás inicia nesta terça-feira, 11, a tomada de depoimentos na investigação aberta para apurar se o ex-deputado federal e ex-assessor especial da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), "furou fila" ao receber uma tornozeleira eletrônica para poder converter sua prisão preventiva em regime domiciliar.
Rocha Loures foi preso no dia 3 de junho, após ser flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil. No dia 30, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou as soltura do preso e o cumprimento de medidas cautelares alternativas, como o recolhimento domiciliar à noite e no fim de semana, bem como o uso de tornozeleira eletrônica.
No mesmo dia, a Superintendência da Polícia Federal em Brasília divulgou nota na qual afirmava não ter o equipamento disponível e que havia feito uma solicitação à PF de Goiânia. Rocha Loures foi solto no dia seguinte, 1, em meio à promessa da PF de que instalaria a tornoseleira no mesmo dia.
"Na prática, o Rocha Loures furou a fila", diz o promotor Fernando Krebbs, da área criminal do Ministério Público de Goiás (MPE). Ele adiantou ter aberto investigação sobre o caso e há procedimento instaurado, com oitiva nesta terça-feira. Disse, ainda, que é preciso saber como se deu o empréstimo "porque há déficit superior a mil tornozeleiras e fila de presos". "Então, se o Loures furou a fila é preciso investigar o caso", comentou.
O secretário estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP), Ricardo Balestreri, afirmou nesta segunda-feira, 10, que a tornozeleira eletrônica que monitora Rocha Loures é legal, funciona e registra via satélite todos os passos do "homem da mala".
Ele garantiu que o empréstimo da tornozeleira, ao Departamento Penitenciário (Depen) do Ministério da Justiça, no último dia 1º em Goiânia (GO), deve-se a acordo oficial. E a cessão do equipamento, segundo ele, em nada afetou o sistema penitenciário
"Não ocorreu favorecimento", diz o secretário Ricardo Balestreri "Estava em falta em Brasília e o preso teria de ser monitorado, uma vez que foi condenado à prisão domiciliar", indicou. "Estamos próximos do DF, e a cessão não gerou prejuízo porque nenhum preso (de Goiás) foi preterido". Ressaltou que Rocha Loures ficará no interior da casa, de segunda a sexta-feira e finais de semana, entre 20h e 06h.