Parlamentares da oposição acreditam que o governo do presidente Michel Temer deve "sangrar" até o próximo dia 2 de agosto, data marcada pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia para votação da denúncia por corrupção passiva, elaborada pelo procurador geral da República Rodrigo Janot contra Temer. A partir do próximo dia 18, o Congresso deve entrar em recesso e só retorna em 1º de agosto.
Por outro lado, postergar a data daria brechas para que Temer sofresse com novas delações, que podem acirrar a votação, como a do doleiro Lúcio Funaro.
O deputado petista José Guimarães (CE) é um dos que acredita que a trégua de duas semanas servirá como uma sangria para a base aliada. Enquanto Carlos Zaratini (SP), líder do PT na Câmara, defende que o intervalo será usado para que os parlamentares trocados na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) sejam pressionados por suas bases.
"Nesse período, os deputados vão ter contato com a suas bases e optar entre ficar com o povo brasileiro ou ficar com as benesses do Palácio, as emendas parlamentares e cargos oferecidos nos últimos dias", comentou Zaratini.
Segundo o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), o plano da oposição é ficar fora do plenário para dificultar que o quorum mínimo seja atingido no dia da votação do relatório de Paulo Abi-Ackel, escolhido pelo presidente da CCJ Rodrigo Pacheco, nessa quinta (13), como novo relator da denúncia contra Temer.
O discurso de Molon foi repercutido também pela deputada Maria do Rosário (PT-RS):
"Quem tem que colocar o quórum no plenário para livrar Michel Temer, e que parecem estar com vergonha disso, são os membros do governo, os deputados que estão negociando com o governo, lamentavelmente, os seus mandatos. Nós da oposição não queremos votar agora por um simples motivo: nós queremos levar esse debate para conversar com a população".
Na contramão, o deputado André Moura (PSC-SE), líder do governo no Congresso, jogou a responsabilidade para os oposicionistas afirmando que eles tem a missão de colocar 342 deputados em plenário.
A continuidade do trabalho do governo Temer foi ressaltada pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR).
"O presidente não tem pressa, quem tem que ter quorum mínimo é a oposição. Então cabe à oposição ir atrás dos votos. O que o governo tem que fazer é governar, e o governo está governando. Vamos trabalhar. Pode ser que até 31 de dezembro de 2018, se eles conseguirem, a gente bota para votar. Senão vão processar o próximo presidente. Por mim, a gente nem votava", declarou Jucá em entrevista ao Globo.
O dia da votação foi decidido em comum acordo entre base e oposição, de acordo com o presidente da Câmara Rodrigo Maia.
"Houve acordo na data, dia 2 de agosto. Vamos começar às 9h desta data e espero que à noite teremos isso encerrado. Assim que se atingir o quorum de 342 em plenário, se iniciará a votação. Foi a proposta tanto da base como da oposição, afirmou Maia.